Skip to main content
Gilson Bavaresco
  • Caxias Do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil

Gilson Bavaresco

O presente artigo, após uma breve introdução histórica sobre a autora, analisa algumas características da antropologia fenomenológica de Gerda Walther, levando principalmente em consideração a sua obra principal, Fenomenologia da Mística,... more
O presente artigo, após uma breve introdução histórica sobre a autora, analisa algumas características da antropologia fenomenológica de Gerda Walther, levando principalmente em consideração a sua obra principal, Fenomenologia da Mística, a partir da segunda edição de 1955 (trad. ital., 2008). Nela, Walther apresenta um verdadeiro tratado de antropologia filosófica, como parte preliminar a uma análise dos fenômenos místicos, interrelacionando elementos antropológicos oriundos de uma análise fenomenológica do ser humano e os problemas filosófico-religiosos da experiência mística e das experiências paranormais. Nesta obra identifica-se, além da influência do método de Husserl, o influxo da fenomenologia de Pfänder, principalmente no uso de metáforas para explicitar a constituição da pessoa humana. Uma das teses fundamentais de sua antropologia é a de que todo ser humano possui um eu-centro (Ichzentrum) com as características de autoconsciência e capacidade de vontade. Nisso, a autora ...
A obra de Edith Stein denominada A Constituicao da Pessoa Humana (Der Aufbau der menschlichen Person), de 1932-1933, e resultante do curso sobre antropologia filosofica oferecido as alunas do Instituto Alemao de Pedagogia Cientifica, em... more
A obra de Edith Stein denominada A Constituicao da Pessoa Humana (Der Aufbau der menschlichen Person), de 1932-1933, e resultante do curso sobre antropologia filosofica oferecido as alunas do Instituto Alemao de Pedagogia Cientifica, em Munster, e foi escrita no contexto de estabelecimento da Antropologia Filosofica, alguns anos apos a obra de Max Scheler, denominada A Posicao do Homem no Cosmos (1928), e respondendo as questoes formuladas nela. Na obra, Stein realiza um dialogo entre a filosofia de Tomas de Aquino e a fenomenologia de Edmund Husserl. Utilizando o metodo do segundo e a orientacao nas questoes do primeiro, visa oferecer uma resposta a questao “o que e o homem?”, como fundamento para a pedagogia, e distinguir a Antropologia Filosofica de outras formas de antropologia. No texto, Stein expoe a sua tese sobre a pessoa: “ele pode e deve 'formar' a si mesmo” (STEIN, 2014, p. 123). E na analise e discussao desta ideia de pessoa que se centra a presente dissertacao. ...
Edith Stein's The Constitution of the Human Person (Der Aufbau der menschlichen Person), 1932-1933, is the result of the course on philosophical anthropology offered to the students of the German Institute of Scientific Pedagogy in... more
Edith Stein's The Constitution of the Human Person (Der Aufbau der menschlichen Person), 1932-1933, is the result of the course on philosophical anthropology offered to the students of the German Institute of Scientific Pedagogy in Münster and was written in the context of consolidation of Philosophical-Phenomenological Anthropology in the 1930s, a few years after Max Scheler's work, entitled The Position of Man in the Cosmos (1928), and answering the questions formulated in it. In
the work, Stein realizes a dialogue between the philosophy of Thomas Aquinas and the phenomenology of Edmund Husserl. Using the method of the second and the orientation in the questions of the first, it aims to offer an answer to the question "what is man?" as a foundation to paedagogy, and to distinguish Philosophical Anthropology from other forms of anthropology. In the text, Stein expounds his thesis on the person: "he can and must 'form' himself" (STEIN, 2014, 123). It is in the analysis and discussion of this idea of person that the present dissertation is centered. In
order to do so, it was also investigated how the anthropological question, in the context in which Stein elaborated his work, was erected as such an important subject in Germany and some questions that are involved with this problematic, as well as a minimal analysis of the peculiarity of the phenomenological method when applied to the question of the human being. The person is understood as a spiritual and free being, center of acts and self-conscious, showing proximity to Scheler's understanding on it. However, Stein describes the essential structure of the spirit, which manifests as a peculiarity – before the lower levels of being – the power to form itself and, as essential to the spirit, to unfold itself between Ich and Selbst, designating, by the latter, the set of capacities of its human nature, given to the I-subject for its free and singular self-configuration. This spiritual and free person is understood as belonging essentially to an soul-animated structure in whose spatiality he can move itself and whose acts, relative to the world, are more or less deep.
La volontà e la motivazione sono argomenti basici della filosofia dell'azione, dell'ètica, della psicologia e dell'antropologia filosofica. Qui s'intende presentare e discutere la rilevanza di Motivi e Motivazione di Alexander Pfänder... more
La volontà e la motivazione sono argomenti basici della filosofia  dell'azione, dell'ètica, della psicologia e dell'antropologia filosofica. Qui
s'intende presentare e discutere la rilevanza di Motivi e Motivazione di
Alexander Pfänder che dà un nuovo orientamento di analisi nel XX secolo partendo di un approccio fenomenologico della volontà. Pfänder identifica una classe di fenomeni della coscienza che sono quelli dell'inclinazione dell'io verso gli oggetti e manifesta metaforicamente i "movimenti" che si realizzano in questa relazione dell'io con l'oggetto dell'inclinazione (o di inclinazione negativa). Pfänder distingue il carattere cieco delle inclinazioni in generale dal carattere consapevole della volontà, poiché questa, come atto spirituale, si caratterizza dalla verifica dello stesso atto e possiede la consapevolezza di un progetto realizzabile e ad essere realizzato da un'azione propria. In questo senso l'atto di volontà motivato si distingue essenzialmente dell'inclinazione perché in ciò l'io ascolta internamente o spiritualmente una richiesta pratica che l'oggetto li propone, la riconosce, l'approva
cognoscitivamente e, infine, riconosce praticamente una condotta che si propone a realizzare in modo che ciò su cui si fondamenta l'atto di volontà è denominato motivo. La relazione di motivazione, infatti, sorge come critica al modello causalista perché codesto sarebbe insufficiente nel chiarimento e comprensione del senso delle azioni volontarie e libere della persona. La concezione di motivo influirà la fenomenologia di Husserl e di Stein, essendo potenziato da questi pensatori, ben come avrà impatto sull'ermeneutica fenomenologica.
A década de 1920 é caracterizada pelo surgimento da Antropologia Filosófica, cujo problema formulado por Scheler é “O que é o homem? e qual a sua posição no interior do ser?” (SCHELER, 2003, p. 1). Essa questão fundadora da Antropologia... more
A década de 1920 é caracterizada pelo surgimento da Antropologia Filosófica, cujo problema formulado por Scheler é “O que é o homem? e qual a sua posição no interior do ser?” (SCHELER, 2003, p. 1). Essa questão fundadora da Antropologia Filosófica contemporânea enfrenta problemas de uma época em que, rica em formulações filosófico-científicas sobre o homem, confronta e põe em questão ideias antigas e novas acerca do que, essencialmente, é o ser humano. Pretende-se analisar algumas obras de Max Scheler e Edith Stein tendo como foco as concepções antropológicas a serem submetidas a crítica antes do desenvolvimento de uma antropologia fenomenológica propriamente dita. No caso de Scheler, cinco noções são colocadas em questão: a Antropologia Teológica judaico-cristã; a grega do homo sapiens; a do homo faber; a do homem desertor da vida; e a do ateísmo postulatório da seriedade e da responsabilidade. Já em A Estrutura da Pessoa Humana, no início da década de 1930, a partir de uma perspectiva inovadora, Stein apresenta quatro ideias de homem: a da Bildung; a da
Tiefenpsychologie; a da Analítica Existencial; e a da Metafísica Cristã. Em ambos autores criticam-se noções vigentes de homem para uma Antropologia Filosófica, pondo-as entre parênteses para uma Fenomenologia. Para Stein elas têm uma relevância pedagógica, repercutindo na formação da pessoa. Com Scheler, compartilha a
preocupação com o problema da relação espírito/vida, principalmente em sua crítica à psicanálise. Por outro lado, critica o intelectualismo da Bildung e a superficialidade psicológica que resultou dela. Nesse sentido, concebe uma noção de pessoa humana que critica as três primeiras noções de homem enunciadas no início de seu tratado
(principalmente pela ausência de meta última formativa) e valoriza a Metafísica Cristã em que, pelo enunciado “ele [a pessoa espiritual e livre] pode e deve formar a si mesmo” (STEIN, 2015, p. 123), se distingue de Scheler pelo papel ocupado pela (auto-)formação no conceito de pessoa, a importância dada ao télos formativo e à Graça sobrenatural.
This paper, after a brief historical introduction about the author analyses some features of phenomenological anthropology of Gerda Walther, taking especially into account his main work, Phenomenology of the Mystical, from the second... more
This paper, after a brief historical introduction about the author analyses some features of phenomenological anthropology of Gerda Walther, taking especially into account his main work, Phenomenology of the Mystical, from the second edition of 1955 (trad. ital., 2008). In it, Walther presents a real treaty of the philosophical anthropology, as part of a preliminary analysis of the mystical phenomena to relate anthropological elements from a phenomenological analysis of the human being and the philosophical-religious problems of mystical experience and paranormal experiences. In this work identifies, in addition to the influence of the Husserl’s method, the influx of Pfänder’s phenomenology, mainly in the use of metaphors to explain the formation of the human person. One of the fundamental theses of his anthropology is that every human being has an I-Center (Ichzentrum) with the features of self-consciousness and capability to will. In it, the author showed dependence of elaboration from Pfänder’s Comprehensive Psychology, but also of the phenomenology of Husserl, Scheler and Stein, in particular by its conception of “heart of me” (Einbettung des Ich) which denotes similarities with the “I-animic” of Stein, a concept derived from a review of “I-pure” of Husserl.
p. 120-121
Resumo O desenvolvimento científico e tecnológico coloca a morte em um determinado lugar, bastante obscuro, para a consciência do homem moderno, que urge ser problematizado filosoficamente. A partir da tradução de Xavier Zubiri à obra de... more
Resumo O desenvolvimento científico e tecnológico coloca a morte em um determinado lugar, bastante obscuro, para a consciência do homem moderno, que urge ser problematizado filosoficamente. A partir da tradução de Xavier Zubiri à obra de Max Scheler denominada Tot und Fortleben (" Muerte y Supervivencia "), publicada em Revista de Occidente em 1934, em que o autor aborda fenomenologicamente as questões relacionadas a esses temas, buscar-se-á neste artigo expor e comentar a fenomenologia da morte de Max Scheler, de tal forma a mostrar a sua importância para a bioética, que atualmente fala da morte dos mais diversos modos. Buscando clarificar o sentido do morrer, o plus de conteúdo oferecido pela análise fenomenológica apresenta que a ideia de morte é um constituinte essencial da consciência vital, dado imediatamente para a pessoa (e não simplesmente derivado da observação externa ou de oscilações da própria vitalidade). A ideia de morte é algo que se dá para a consciência vital, na sua temporalidade imanente, pois ela se refere, como seus atos imediatos, a conteúdos que são objetos de atos imediatos de percepção, memória e expectativa, em cujo fluxo a pessoa vive um aumento do passado às custas do futuro, que Scheler denomina " vivência da direção da morte. " Na sua obra, o autor, antes desta exposição, derrubando alguns preconceitos racionalistas sobre o naufrágio da crença na sobrevivência após a morte (por exemplo, de que a descrença na sobrevivência da alma é derivada do progresso científico), sustentará a tese de que o moderno homem europeu – o burguês – não acredita na imortalidade pelo modo como vive a própria morte. Nesse sentido, o autor faz um diagnóstico psico-sociológico que identifica uma dupla repressão da ideia de morte na estrutura de suas vivências: a natural, que permite às pessoas viver em sua " superficialidade metafísica; " e a desenvolvida pelo longo processo histórico de formação do tipo burguês (desde o século XIII), que em seu fanatismo pelo trabalho e pela acumulação – que tornaram-se impulsos próprios de caráter infinito –, faz com que viva sua vida como se não fosse morrer; desse modo, " vive " seu ato de morrer como mera catástrofe (explicada de modo científico-natural como se fosse uma falha na máquina), torna tudo objeto de cálculo e controle (inclusive a própria morte), de tal forma que ela já não aparece para ele intuitivamente. Superada as repressões, a sobrevivência pessoal emerge novamente como problema filosófico. As análises de Scheler se constituem em importantes contribuições para a bioética atual, que deve lidar com problemas relacionados a morte no início da vida (por exemplo, o aborto) e no fim (e.g., as diversas "-tanásias "), pois possibilitam compreender o quadro em que estes problemas são colocados pela mentalidade moderna (de forma inconsciente e/ou ideológica), a mesma que deu origem e impulsiona ao desenvolvimento tecnológico e científico atual, e que (se) confronta com sua mortalidade de modos muito específicos.
Este trabalho apresenta uma intervenção com três associações de recicladores conveniadas com a Prefeitura da cidade que se reúne em galpões para triar o material coletado pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul como projeto de... more
Este trabalho apresenta uma intervenção com três associações de recicladores conveniadas com a Prefeitura da cidade que se reúne em galpões para triar o material coletado pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul como projeto de geração alternativa de renda para a população de baixa renda. Caxias do Sul é uma cidade que coleta quase o dobro da média nacional em matéria de resíduos sólidos, o que amplia a relevância do trabalho dos recicladores no município. A metodologia de intervenção junto ao grupo de recicladores (catadores) é a de grupo reflexivo, tomado enquanto espaço de palavra sobre o trabalho. Para análise e intervenção, esta abordagem tem por base o referencial teórico de Althusser, Pichon-Rivière, Bleger, Dejours, Lebrun e outros autores ligados à teoria crítica e pós-crítica de vertente marxista e psicanalítica. Busca-se compreender, na observação dos grupos, aspectos relativos ao significado do trabalho, à organização do trabalho e à posição sujeito reciclador que define um lugar social ao qual se filia esse trabalhador. Bem como, identificar as relações de força que se estabelecem entre as instituições privadas e de poder público em interface com a associação de recicladores. No andamento dos grupos, observa-se a reprodução do modelo de sistema capitalista na forma de funcionamento da associação. Este funcionamento aparece nas relações de hierarquia-subordinação, oscilando entre um modelo autocrático/disciplinador de inspiração militar e outro modelo defensivo, de esvaziamento desse lugar de exceção que precisa ser ocupado por ao menos um, na perspectiva de Lebrun; na rígida organização do trabalho que reforça a alienação do trabalhador, nega sua participação nas negociações relativas ao preço da matéria prima reciclada e sobre o valor do trabalho do reciclador; na socialização dos resultados do trabalho e distribuição dos bens excedentes provenientes do trabalho. Procura-se problematizar as contradições inerentes ao funcionamento do modelo associativista cooperativo que se instala e opera no interior do modelo capitalista, que o influencia e determina significativamente. Por outro lado, as instituições públicas obrigam os recicladores a se constituírem enquanto associações, provavelmente no intuito de isentarem-se de compromissos trabalhistas com esses que prestam serviços de saneamento básico para a comunidade. Os recicladores, segundo Althusser, podem ser compreendidos enquanto indivíduos interpelados desde sempre em sujeitos pelo modelo capitalista. Situam-se na base da pirâmide onde estão aqueles que são expropriados dos bens simbólicos da cultura, interessando apenas a exploração de sua força de trabalho. Explorados pela mais-valia do capital, encontram dificuldade em se apropriar de um outro modelo cidadão e democrático que contemple a subjetividade do trabalhador. No entanto, na perspectiva dejouriana, esses trabalhadores vão construir estratégias defensivas para lidar com o sofrimento no trabalho que precisam ser estudadas em prol da saúde mental do trabalhador.