O Profetismo no tempo bíblico e depois – Plinio Corrêa de Oliveira

 

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14-11-1994 SD

TRANSCRIÇÃO: https://cruciferos.wordpress.com/2020/06/30/o-profetismo-no-tempo-biblico-e-depois-plinio-correa-de-oliveira

00:00 Definição de Profetismo, no novo e no antigo testamento

06:30 Exemplo de Profetismo na vida de Joana D’Arc

Áudio editado SEM GRITINHO JOANISTA, COMO TUDO NO CANAL.

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Santa Bibiana, rogai por nós!

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* O profetismo no Antigo Testamento: para alimentar espiritualmente o povo eleito, antes da vinda de Nosso Senhor, Deus enviava-lhe profetas

Quando nós falamos de profetismo, nós devemos ter bem claramente a idéia do que é que nós queremos designar com o profetismo.

Há duas espécies de profetismo, por assim dizer. Uma espécie é do profetismo do Antigo Testamento, e era o seguinte:

Enquanto Nosso Senhor não vinha — passaram-se quatro mil ou cinco mil anos entre o pecado original e a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo — a Humanidade, sobretudo o povo judeu, que era naquele tempo o povo eleito, o povo amado por Deus, o povo no qual deveria nascer o Profeta por excelência que foi Nosso Senhor Jesus Cristo, o povo esperava com uma ansiedade enorme que viesse afinal o Eleito das nações, o escolhido dos povos, que era exatamente Nosso Senhor Jesus Cristo. Então, para alimentar o povo espiritualmente com orações, com milagres, com socorros espirituais de toda a ordem, Deus mandava os profetas.

Ele mandava os profetas que previam o futuro, mas cuja finalidade não era só prever o futuro. Na época em que nasciam eles viam o povo de Israel, viam os defeitos do povo e atacavam os defeitos. Então eles indicavam ao povo todo o mal por onde o povo estava andando. Era um povo que prevaricava freqüentemente, que errava freqüentemente. Eles indicavam o que é que estava andando mal e indicavam como é que deveria andar bem. Assim eles eram enviados de Deus — mas enviados claros, oficiais — junto aos homens para indicar o caminho que os homens deviam seguir enquanto Nosso Senhor Jesus Cristo não viesse, e para irem dizendo profecias sobre Nosso Senhor, de maneira que quando Nosso Senhor viesse, se visse que Ele era de fato o previsto pelos profetas. Esta era a função.

* Os profetas tinham uma missão oficial, claramente conferida por Deus. O exemplo do Profeta Elias

Essa função, como eu acabei de dizer, era uma função oficial. Quer dizer, Deus deixava declarado, deixava indiscutível que era ele que tinha falado pela boca dos profetas. Ele fazia milagres tais, que não era possível a pessoa pôr em dúvida que era Ele mesmo Deus que tinha falado pelos lábios dos profetas.

Por exemplo, o caso de Elias. Profeta prodigioso, talvez o maior profeta do Antigo Testamento, que foi levado da Terra num carro de fogo. Levado num carro de fogo se isso não é um milagre não existe o milagre na Terra. É um super milagre. Que deixava claro que tudo quanto Elias tinha dito e feito vinha da parte de Deus, era um homem de Deus.

* Nosso Senhor Jesus Cristo, o Rei dos Profetas, que profetizou e cumpriu em si suas próprias profecias

No Novo Testamento — quer dizer, depois de Nosso Senhor Jesus Cristo — Nosso Senhor Jesus Cristo foi o Rei de todos os profetas porque Ele foi profeta. Mas Ele era profeta e ao mesmo tempo cumpriu as profecias que Ele tinha feito. Inclusive Ele previu a própria morte, previu o que se daria com Ele, previu a Ressurreição, previu a vinda do Espírito Santo, previu a expansão da Igreja por toda a Terra, mas Ele pagou com sua vida para remir os pecados dos homens e tornar possível tudo aquilo. E foi por vontade d’Ele, como Deus, que todas aquelas coisas se fizeram. Ele então previu, Ele pagou e Ele fez a realização da profecia, etc. Foi o Rei dos profetas.

Elias e Henoc os Srs. sabem que devem voltar no fim do mundo. Eles não morreram até agora e devem ser mortos no fim do mundo pelo Anticristo. Os corpos deles devem ficar estendidos num lugar público durante três dias, e todos os ruins da Terra vão ficar alegres, vão trocar presentes entre si para se congratularem pela morte de Elias e de Henoc. Quando virá Nosso Senhor Jesus Cristo em toda a sua pompa e majestade e com um sopro de sua boca exterminará o Anticristo. Aí terá terminado a história do mundo e começa o juízo de Deus.

* No Novo Testamento há um outro tipo de profetismo: profetas privados, a quem Deus incumbe de determinada missão

No Novo Testamento, que fica entre a morte de Nosso Senhor, a Ressurreição e a Ascensão, de um lado, e o fim do mundo, do outro lado, nesse período nós temos também profetas. Mas profetas de uma natureza diferente: são pessoas a quem Deus incumbe de uma determinada missão, que dá o dom de prever aquilo que ela fará no cumprimento da sua missão e de cumprir a missão que Deus deu para elas.

Os profetas do Novo Testamento não são oficiais, são profetas privados, mas são profetas. Naturalmente se pode ter menos certeza do que eles dizem, do que os do Antigo Testamento. Porque os do Antigo Testamento eram oficiais, o que eles diziam era palavra de Deus, não se pode pôr em dúvida. Os do novo testamento se pode ter a certeza, mas não é a mesma certeza, com o mesmo grau, com a mesma força. Pessoas que vêem que aqueles são profetas, devem acreditar. Pode ser até que pequem se não acreditarem. Se Deus deixar muito claro para eles que aqueles são profetas e a pessoa não acreditar apesar de Deus ter deixado claro, a pessoa pode cometer um pecado. Mas não é tão forte quanto no Antigo Testamento.

* Santa Joana D’Arc, exemplo característico de profetismo no Novo Testamento

Um exemplo característico de profetismo é Santa Joana d’Arc.

Os Srs. conhecem bem a história de Santa Joana d’Arc. Ela era uma pastorinha do ducado de Lorena, num lugarzinho chamado Donremy. Os pais dela mandavam apascentar as ovelhas no campo para engordar, para vender ou para comer, etc. Quando estava no campo sozinha pastoreando, ela rezava e também rezava muito na igrejinha da sua aldeia, era uma menina extremamente piedosa. Ela ouvia umas vozes no ar que ela não sabia de onde vinham.

Essas vozes acabaram revelando que eram São Miguel e mais dois outros santos, e acabaram dizendo a ela que tinha a missão — ela que com o tempo cresceu, ficou moça, uma moça mas na entrada da mocidade, muito jovem ainda — de se apresentar ao rei da França e dizer que queria ajudá-lo da parte de Deus a expulsar os ingleses que tinham ocupado a França.

Ela foi, se apresentou ao rei, o rei fez dificuldades, ela profeticamente venceu as dificuldades do rei — daqui a pouco eu conto uma das dificuldades — e comandando os exércitos do rei ela de fato expulsou os ingleses da França.

Depois ela foi presa por certos aliados da Inglaterra chamados borguinhões. [Eles] ocupavam um território que hoje pertence à França. Ela foi presa e os ingleses, que naquele tempo eram católicos, montaram um tribunal da inquisição contra ela porque diziam que ela era bruxa. Porque não podia ser que sem a intervenção do demônio ela, uma frágil moça, fosse um tão terrível guerreiro na hora da batalha e que ela soubesse dirigir tão bem um exército como ela sabia. A inquisição a prendeu, a julgou e, levada por dinheiro dos ingleses, condenou-a à morte. Condenou a ser queimada viva, dizendo que ela tinha mentido quando falava que aquelas vozes diziam a ela para ela retomar o reino da França, etc.

Quando ela estava já na fogueira e, portanto, começando o fogo a pegar no corpo dela, ela ainda gritou de dentro da fogueira para o povo que estava em volta em quantidade ouvir: “As vozes não mentiram, as vozes disseram a verdade”, para afirmar a missão profética que ela tinha.

Com o tempo verificou-se o sentido religioso dessa missão. É que não faltou muito tempo e a Inglaterra caiu no protestantismo. E se a Inglaterra tivesse ocupado uma parte do território francês, não tivesse sido expulsa do território francês, teria acontecido que a França teria caído no protestantismo também. O que seria um mal incalculável para a Civilização Cristã e para a Igreja Católica.

Então ela não sabia que ia haver o protestantismo, ninguém sabia naquele tempo que ia haver o protestantismo, mas em função do protestantismo, mais ou menos uns cem anos depois, se explicou a missão dela e porque é que ela foi mandada, etc.

* Por inspiração divina, Santa Joana D’Arc descobre o Delfim disfarçado entre seus cortesãos

Com o rei houve dois fatos muito bonitos que provaram a missão dela. Houve uma série de outros fatos.

Um fato foi o seguinte:

Naquele tempo não havia imprensa, nem televisão, nem nada dessas coisas, e uma pessoa do povo só tinha um jeito de saber como era a cara do rei: é olhando para o rei. Se nunca tivesse visto o rei, entrando numa sala não saberia qual era o rei.

No dia em que ela foi falar com rei, o rei quis ver se ela era profetisa mesmo. Então arranjou um jeito: ele se vestiu como um simples nobre, um pequeno nobre, ficou num lugar secundário da sala, e no lugar principal da sala ficou um outro nobre vestido com trajes riquíssimos, que davam a impressão de que ele era o rei. Ela entrou, não sabia nenhum costume de corte nem nada disso, era uma pastorinha, olhou para todos e ninguém ligou para aquele lá que seria o pseudo-rei. Ela foi direto àquele que estava no canto e disse: “σ, rei, eu venho vos falar”.

* Outro sinal de sua providencial missão: Santa Joana D’Arc indica o lugar onde se encontrava a espada perdida de um antigo guerreiro

O rei também pediu a ela um outro sinal de que ela era mandada por Deus.

Havia uma espada de um guerreiro antigo que eles queriam muito recuperar porque tinha desaparecido. Naquele tempo os Srs. sabem que a espada era um instrumento de luta comum. Como é hoje o fuzil na guerra, naquele era tempo a espada. Eles davam muito apreço às espadas de um aço bem temperado porque ajudavam a ganhar na luta. Era um antigo guerreiro, não me lembro quem era, que tinha tido uma espada muito boa e a espada tinha desaparecido. Então ninguém encontrava a espada, mas há muito tempo não encontrava a espada e estava o negócio perdido.

O rei disse:

— “Me dê um sinal de que você vem da parte de Deus.”

— “ó, rei, a espada tal se encontra em tal lugar embaixo do altar. Vamos mandar escavar embaixo do altar e lá está a espada.”

O rei foi e mandou cavar. Abriram o lugar e encontraram a espada. Quer dizer, ninguém podia adivinhar, mas ela, profetisa, adivinhou.

Esses são os profetas. E tem havido assim em quantidade pessoas dotadas do que se chama espírito de profetismo, pelo qual a pessoa recebe uma inspiração ou faz cálculos ajudados por Deus e chega a prever uma coisa que comumente o espírito humano não prevê.

* O profeta pode ser considerado um traço de união entre a ordem espiritual e a temporal. Sua importância, porém, depende da missão que lhe é confiada

Qual é o papel do profeta? O profeta é realmente um traço de união entre a ordem temporal e a ordem espiritual?

O laço de cortina ele o é neste sentido da palavra: que o profeta às vezes recebe ordem de Deus de falar para a ordem temporal, às vezes para a ordem espiritual e às vezes para as duas ordens. Deus sempre dá um jeito de quando o profeta fala haver razão para se acreditar nele, porque Deus não faz nada que peça uma atitude irracional do espírito humano, tudo o que Ele pede do espírito humano é razoável. Deus, então, dá um jeito das pessoas perceberem que aquele é profeta e acreditar.

Essa missão do profeta é uma missão, portanto, que o coloca entre a ordem espiritual e a temporal.

O que é que é mais, a ordem espiritual ou a temporal? Evidentemente é a espiritual. Tudo quanto é do espírito vale mais do que o que é do corpo. Tudo quanto é do espírito diz mais respeito à religião do que aquilo que é do corpo, da matéria, de maneira que a ordem espiritual vale mais do que a temporal.

Acontece que não é por aí que se calcula a importância de um profeta, mas é pela missão que ele recebe, a importância da missão que lhe é dada a receber.

Às vezes pessoas muito humildes recebem grandes missões. Os Srs. já viram com Santa Joana d’Arc, os Srs. viram também na história de Nossa Senhora de Fátima os três pastorzinhos, Jacinta, Francisco e Lúcia. Eles eram pobres, mas paupérrimos.

Eu conheci a casa deles em Fátima, mas era o que se pode imaginar de casa pobre. Era uma espécie de vilarejo, de um lado da rua tinha a casa da Jacinta e do Francisco, que eram irmãos, e bem em frente a casa da Lúcia, que era prima-irmã deles. Quer dizer, os pais eram irmãos, ou as mães, qualquer coisa assim, e eles então foram educados juntos, um na casa do outro, completamente como se fossem irmãos.

Deus deu uma missão enorme a eles, que é de revelarem os desígnios de Deus a respeito da crise contemporânea.

* A missão da TFP é de atacar os erros da Revolução, denunciá-la e jogá-la por terra

Neste sentido, pode se dizer que há algo de profético na TFP? É a pergunta que emerge, que vem. A resposta é a seguinte:

É claro que a TFP tem a missão de atacar os erros da Revolução, denunciar a Revolução e jogá-la por terra.

* A denúncia do processo revolucionário: as três Revoluções que agora desfecham no tribalismo indígena

Como é que a gente vê isto?

Os Srs. tomem as obras da TFP e percebem que ninguém denuncia a Revolução como a TFP denuncia, ninguém ataca de frente como a TFP ataca, ninguém tem feito a Revolução recuar em condições tão humilhantes quanto a TFP tem feito recuar. E isso só se pode conseguir com auxílio divino.