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Dominus Vobiscum.
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JESUS CRISTO É DEUS? CONFERÊNCIAS SOBRE A DIVINDADE DE JESUS CRISTO JOSÉ ANTÔNIO DE LABURU, S. J. 1966 audiolivro "JESUS CRISTO NA PROFECIA" Senhores! É próprio de todo homem prudente estudar e investigar …Mais
JESUS CRISTO É DEUS? CONFERÊNCIAS SOBRE A DIVINDADE DE JESUS CRISTO JOSÉ ANTÔNIO DE LABURU, S. J. 1966

audiolivro

"JESUS CRISTO NA PROFECIA"

Senhores!

É próprio de todo homem prudente estudar e investigar "com seriedade qualquer problema que se lhe apresente. Mas, se para esse estudo exige-se crítica e seriedade, mais seriedade e crítica deve ser exigida na abordagem de problema religioso.

É próprio da criatura consciente de seus atos, não se deixar levar por cargas afetivas próprias do psiquismo inferior, mas sim utilizar a qualidade essencial do homem, a inteligência, aplicando-a, com seriedade crítica e científica, na investigação da verdade.

Procedamos seriamente, não com essa leviandade que causa calafrios, muito própria do homem que, já pela maneira de apresentar-se e, ainda mais, pelo próprio tom de voz, claramente revela, mesmo ao jejuno em psicologia, sua carga afetiva.

"Padre..." e formula uma pergunta de religião.

Após dez minutos de conversa, ei-lo que se despede: "O senhor não me convence..."

Fico pensando: "Que diria um professor da Faculdade de Medicina se alguém, completamente ignorante das coisas da Medicina certo dia o chamasse de lado e lhe pedisse: "Queria que o senhor, em dez minutos, me esclarecesse sobre a Medicina..."

— Em dez minutos?! Após muitos anos de estudos sérios, chegamos à conclusão de que pouco ou nada sabemos de Medicina. E em dez minutos?

Poderemos julgar com seriedade, senhores, um homem que pretende ventilar questões de tal transcendência em dez minutos ou em quatro conferências?

Não, senhores; minha aspiração é muito mais modesta. Somente pretendo ser o suficiente discreto para apontar às suas inteligências, com toda seriedade, problemas que provoquem esta reflexão de um homem sério: "Ignorava tudo isso. Vou estudar a matéria".

Se consigo tal desiderato, haverei conseguido muito. Não pretendo, entretanto, convencer-vos. Desejo apenas que estudeis.

* * *

Suponho desejarmos, todos nós, encontrar a verdade. Se, de antemão, há quem deseje excluir de seu ânimo a vontade sincera de achar a verdade, a ele não me dirijo.

Volto-me aos que anelam fundear no porto da Verdade.

Mas, onde está a verdade no problema religioso?

Poderemos, com segurança,, navegando pelo mar da vida, revolvido pelos furacões das paixões, sacudido pelos agitados vagalhões das tendências e cruzado por vertiginosas correntes de doutrinas, depararmo-nos com o porto da Verdade Religiosa?

Quantos que me ouvem já navegaram pelos mares reais do globo, de costa a costa ou de continente a continente, em viagens de cabotagem ou transatlânticas...

O barco que o Atlântico atravessa, obedecendo à rota certa, prefixada, pode servir-nos de imagem fiel e de modelo para encontrarmos, navegando pelos mares da vida, o porto da Verdade.

O barco que navega pelo Atlântico tem um rumo traçado, não navega à deriva, porque se à deriva navegasse, jamais atingiria o porto de seu destino, situado além, no outro continente.

Existe um técnico nesse navio, um técnico acompanhado por muitos outros, cujo número aumentará quanto maior for a categoria dessa embarcação e quanto mais transcendente for a viagem.

Na ponte de comando, capitão e pilotos têm, à disposição, a carta de marear e a bússola perfeita, isolada de quaisquer e estranhas influências magnéticas. Ali, nas horas de guarda, fazem cálculos e observações...

Juntos, em reuniões oficiais e obrigatórias, capitão e pilotos conferem seus dados e suas observações... determinam exatamente a posição do navio na imensidão dos mares.

A carta de marear à vista determina a precisa posição do barco. Eles sabem onde se encontram. O porto está a tantas milhas; o rumo certo é este.

Ainda não se avista a costa, mas ela está próxima. Eis o momento da arribada.

O capitão permanece na ponte de comando.

Tal posição, tal velocidade... Olha a costa... À direita, um farol deve surgir... Observa. Observam. É noite escura.

Além, na vastidão escura... uma cintilação; mais atenção; outra vez...

Eis o farol esperado. Além, desenha-se a costa.

Entre a tripulação e os passageiros exclama-se "Costa! Costa!"

Esse, porém, não é o farol do porto.

Este possui características diferentes de luz e o período de cintilações também é outro.

Recomeça-se a navegar, de olhos fixos na costa.

Perscruta-se. Sim, é aquele. Luz mais potente...

Observam-se atentamente as características de luz e do período de cintilações. Exato, tudo certo. Sim, esse é o farol do porto.

A majestosa nave sulca as águas. Entre as infinitas direções em que pode navegar pelo Atlântico; entre os infinitos pontos em que podia haver ancorado, o barco, de maneira precisa e justa, entra em seu porto de destino. As âncoras fundam-se nas águas. Viagem feliz! Chegou ao porto do seu destino.

* * *

Quantos de vós que me ouvis navegais à deriva das paixões e ao ulular do furacão das doutrinas!
À deriva e à mercê do furacão nem o barco que navega pelo Atlântico chega a seu ancoradouro.
Reiteradas observações procedidas pelos técnicos, bússola, carta de marear à frente e mão firme no leme são indispensáveis para evitar a rota incerta.

Na carta de marear com duas coordenadas — longitude e latitude — paralelos e meridianos, localiza-se matematicamente a situação do porto. Não há outra maneira de bem navegar.

Cintilações do farol, regulares, precisas, peculiares, concretizam os dados do mapa de navegar.
Obedecem-se aos dados do mapa de navegação? São essas as cintilações próprias de determinado farol? Sim? Que ninguém duvide. Esse é o porto.

Se alguém, navegando em demanda do porto da Verdade, deparar com coordenadas que mostram, com precisão (duas são suficientes para isso) as balizas dum porto; se reconhecer as cintilações precisas peculiares do farol indicando-o, não há que duvidar: navegue nessa direção; ancore nesse porto. É o porto da Verdade.

"Existência e Autenticidade do Plano"

Desenvolvamos diante de nós um plano que, por sua precisão e origem, e por estar elaborado precisamente para balizar o porto da Verdade, devemos estudar com cuidado.

Se tal plano fosse posterior à vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, não teria o valor demonstrativo que possui.

Se tal plano fosse de data desconhecida, poder-se-ia falar em falsificação.
Aqui está, entretanto, a força probatória, de todo ineludível, que possuem as indicações contidas nesse plano.

Séculos anteriores à vinda de Jesus Cristo, encontrava-se esse plano total e detalhadamente delineado. E estava ele custodiado precisamente pelos inimigos originários do Cristianismo.

Fato criticamente certo. Séculos antes da vinda de Jesus Cristo, tinham os judeus, em suas Escrituras, uma série de vaticínios concretos, de características específicas, concernentes ao Messias que eles aguardavam — o Legado Divino — o Filho de Deus.

Antes dos Samaritanos se separarem dos judeus (722 ates de Cristo) fato certo era a admissão, por parte dos judeus, dos vaticínios fundamentais (no Pentateuco) relativos ao Messias.

A versão do Antigo Testamento, elaborada pelos 70, do hebreu ao grego, terminou, aproximadamente, dois séculos antes de Jesus Cristo, pois já em 130, antes de Cristo, era encontrada no Egito. Nessa versão dos 70 encontram-se os vaticínios messiânicos íntegros, tal como atualmente os lemos.

Durante onze séculos, século sucedendo a século, foram vaticinadas as peculiaridades do Legado Divino, umas, através de um Profeta, as demais pelos outros.

Cinco séculos (no final do século V), antes de sua vinda, terminada se encontrava a descrição dos traços do Messias.

Ninguém tem o direito de duvidar da genuidade de tais vaticínios.

Antes da vinda de Jesus Cristo, possuía-os a Sinagoga. Ainda atualmente essa mesma Sinagoga os conserva intactos, mercê de providencial e sapientíssima disposição de Deus.

"Propterea autem judaei sunt, ut libros nostros portent ad confusionem suam. Quando enim volumus ostendere prophetatum Chistum, proferimus paganis istas litteras. Et ne forte dicant duri ad fidem, quia nos illas christiani composuimus, et cum Evangelio, quod praedicamus, finxerimus prophetas: hinc eos convincimus, quia omnes ipsae litterae, quibus Christus prophetatus est, apud judaeos sunt, omnes ipsas litteras habent judaei. Proferimus codices ab inimicis, ut confundamus alios inimicos... Codicem portat judaeus, unde credat christianus. Librarii nostri facti sunt. quomodo solent servi post dominos codices ferre, ut illi portando deficiant, illi legendo proficiant..."

Como comenta bem Santo Agostinho esse excerto! "Não nós, mas os judeus, são os conservadores desses livros que são nossos. Quando queremos demonstrar que Jesus Cristo foi profetizado, apresentamos esses livros aos pagãos. E

a fim de que os obstinados em não crer não viessem dizer-nos que tais livros foram por nós compostos e adaptados ao acontecido, agindo, assim, como falsificadores, "hinc eos convincimus", precisamente por isso podemos convencê-los, com evidência, de que tal não é assim, porque todos esses livros em que Jesus Cristo está profetizado "apud judaeos sunt", todos estavam, séculos antes da vinda de Cristo, em poder dos judeus: eles são seus guardiões".

Apresentamo-lhes os códices que nossos inimigos possuem, para com eles confundir outros inimigos. "Codicem portat judaeus, und credat christianus". O judeu leva o códice para que o cristão creia. "Librarii nostri facti sunt..."

Eles são os nossos arquivistas. E os documentos que conservam para nós remontam de quinze séculos, antes da vinda de Jesus Cristo, até cinco séculos antes da sua chegada. Bela imagem a que Santo Agostinho acrescenta: quando o escravo está sustentando o livro para que o senhor o leia, o pobre servo segura o livro, mas não pode lê-lo, porque o segura por trás; é o senhor quem o lê.

Eles, os judeus, conservam para nós os escritos que, durante onze séculos consecutivos iam enfeixando os vaticínios do futuro Messias. Todos esses vaticínios — feito histórico inegável em ciência — todos estavam já publicados séculos antes da vinda de Cristo.

"Conteúdo desse plano"

Alguns vaticínios são de um Profeta, outros, de outro; estes foram …