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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
26/08/2013
às 13:51
Síria – Cabe perguntar: a quem interessam os ataques? Assad sobreviveria a uma intervenção?
Levei pancadas de alguns leitores porque desconfiei da versão apresentada pela oposição síria no caso de um possível ataque com armas químicas ocorrida na periferia de Damasco. Vamos ver se os inspetores conseguem colher alguma evidência. O fato é que a situação fica, a cada hora, mais esquisita. Por mais que Bashar Al Assad, o presidente do país, seja um ditador, um tirano, custa crer que seja estúpido a ponto de autorizar um ataque dessa natureza quando está na ofensiva, recuperando terreno. O presidente dos EUA, Barack Obama, já deixou claro que não haverá intervenção no país sem um amplo apoio internacional. Isso significaria, hoje, quando menos, a neutralidade da Rússia, que, por enquanto, se opõe à ação e sustenta a posição de Assad.
O governo sírio finalmente aceitou a inspeção. A caminho do local do suposto ataque, carros em que seguiam os agentes da ONU foram alvos de franco-atiradores. Se um ataque com armas químicas determinado pelo governo — quando representantes das Nações Unidas estavam no país — seria evidência de uma estupidez sem- par, alvejar os inspetores parece ainda mais cretino. Pode-se acusar Assad de tudo, menos de não ser esperto — brutal, mas esperto.
Caberia ainda indagar a efetividade daquele ataque químico, asqueroso em si, mas militarmente irrelevante. Além de matar eventualmente algumas centenas de pessoas, todas civis, serve a que propósito. Terroristas, especialmente as facções jihadistas ou delas próximas, usam civis, em particular mulheres e crianças, como escudo onde quer que atuem. Isso dá conta da importância que dispensam a essas vidas. A lógica — que pode não funcionar no inferno, sei disso — aponta muito mais para a responsabilidade de que extremistas que compõem a oposição armada. Pesquisem o noticiário: não seria a primeira vez.
Uma intervenção em larga escala na Síria é o barril de pólvora de que precisam os extremistas no Oriente Médio. Liquidado o governo Assad, os grupos que seguirão armados (e a gente sabe que as armas, nesses casos, não são entregues; vejam o caso da Líbia) darão início imediatamente à campanha para que as forças estrangeiras deixem o país. A oposição desarmada, por óbvio, não terá como sustentar um governo. O Exército regular, comandado pelos alauítas (a minoria a que pertence Assad) vai se desintegrar. A Síria tenderia a se transformar num campo de guerra de facções terroristas, ali mesmo, na fronteira com Israel.
Se a situação hoje é caótica, aí, parece, seria o caos propriamente dito. Pensem na situação anterior ao ataque: dada a guerra civil, quem estava em posição mais confortável e recuperando terreno? A intervenção já havia saído do radar de possibilidades dos países ocidentais; depois dele, voltou a ser debatida. Nem sempre quem lucra com um determinado evento responde por ele. Nesse caso, é prudente, sim, perguntar a quem interessava o morticínio. Até porque, por óbvio, Assad não teria futuro no caso de uma intervenção. Ele sabe disso. E os que se opõem a ele também.
Não! Não estou afirmando que foi um grupo de oposição. Se os EUA não sabem, não serei eu a saber. O que afirmo, sim, e que é difícil saber quem é mais asqueroso por ali: Assad ou quem tenta derrubá-lo. E uma coisa dá para saber, aí sem dúvida nenhuma: para o Oriente Médio, os que lutam contra o ditador são muito mais perigosos.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Bashar Al Assad, ONU, Síria

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15 COMENTÁRIOS
26/08/2013
às 5:01
LEIAM ABAIXO
No “Entre Aspas”, senador petista confessa que programa para trazer cubanos estava em curso havia um ano e meio; se é assim, Padilha mentiu ao anunciar sua suspensão. E Antonio Patriota, o que tem a dizer? Qual é seu papel na patranha petralha?;
Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, decidiu atuar como agente da polícia política de Cuba. Ou: Em matéria de refúgio, só para terrorista homicida;
Enquanto Dilma se recupera, o PSDB repete os velhos erros de sempre e continua imbatível na arte de vencer o… PSDB!;

Dilma lança ofensiva sobre territórios tucanos;
ESCÂNDALO BILIONÁRIO 2 – O PT, a guerra contra Daniel Dantas, a criação da Oi e o dia em que Lula mudou uma lei só para viabilizar um negócio dos seus amigos;
ESCÂNDALO BILIONÁRIO – Deputado do PT, amigo de Lula, pergunta a conselheiro da Anatel quanto ele cobra para resolver uma pendência da Oi com o estado que chega a R$ 10 bilhões. O nome disso? Propina!;
A perua enlouqueceu! Ministério da Cultura, sob o comando de Marta Suplicy, concede R$ 2,8 milhões de incentivo da Lei Rouanet para estilista podre de chique desfilar em Paris;

Casa Civil afasta assessor do Planalto acusado de estupro de menores;
“Vamos até o fim”, diz o valentão Padilha, sobre o trabalho escravo dos cubanos! Quanta coragem, não?;
Os descolados do Avaaz, liderados pelo ético Abramovay, apelam ao preconceito cultural, de classe, ideológico e racial e usam imagem de Tiririca, sem pedir autorização, para defender reforma política que interessa ao PT;
Mão de obra análoga à escravidão, sim! Ou: Estatuto do Estrangeiro será usado para manter cativos os médicos cubanos. Ou ainda: A única mercadoria que Cuba comercia é gente! E o governo do PT compra;
Ainda o aborto, a novela “Amor à Vida”, o programa “Na Moral”, a nova opressão das mulheres e o verdadeiro desafio ao senso comum;
A Saúde e a incompetência do PT. Ou: Os loucos de tão pobres e pobres de tão loucos. Quem liga pra eles?;
O livro “Dirceu” e uma fábula revisitada na era do mensalão;

Merchandising pró-aborto na novela “Amor à Vida”, da Globo, mente, mistifica, doutrina e demoniza a religião. É um atentado ao bom senso, aos fatos e à educação dos telespectadores. Em uma palavra: vergonhoso!;
Ainda o aborto: A máquina militante de produzir números falsos para encontrar uma justificativa moral para eliminar os fetos;
A resposta indecorosa de Padilha. Ou: Governo doará a Cuba, por ano, R$ 320 milhões da verba da Saúde, mas nada fez para impedir a perda de 41 mil leitos do SUS

Por Reinaldo Azevedo

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26/08/2013
às 4:47
No “Entre Aspas”, senador petista confessa que programa para trazer cubanos estava em curso havia um ano e meio; se é assim, Padilha mentiu ao anunciar sua suspensão. E Antonio Patriota, o que tem a dizer? Qual é seu papel na patranha petralha?
No dia 21, publiquei aqui um post, às 21h48, cujo título era este:

Transcrevo trechos:
É uma pantomima! O governo tinha um plano de importar 6 mil médicos cubanos, que passariam (como passarão!) a atuar no Brasil sem qualquer exame ou validação do diploma. Para resolver um problema do nosso país? Mais ou menos. Há, com efeito, falta de médicos. Mas é certo que o governo do PT vai mesmo é repassar R$ 40 milhões por mês à ditadura comunista. (…) Quando Padilha anunciou a decisão, a classe médica brasileira reagiu. O governo, então, fingiu um recuo — mas era só uma tática, vê-se agora. Afirmou que a prioridade seria importar médicos da Espanha e de Portugal e apresentou sua esdrúxula proposta de aumentar em dois anos a graduação, obrigando os estudantes, nesse tempo, a atuar no sistema público de saúde. Sem isso, nada de diploma. (…) Atenção! É importante notar que o governo não criou um miserável programa para incentivar a interiorização dos médicos brasileiros. Foi tudo na base do gogó. O que Padilha preparou, nesse tempo, foi mesmo a criação das condições objetivas para que voltasse a seu plano original: trazer os cubanos.
(…)
A confissão
Aqueles mequetrefes de sempre vieram aqui torrar a paciência: “Como é você sabe? Você está chutando etc.”. Pois é. Eu sempre conto com alguém com a inteligência superior do senador Humberto Costa (PT-PE), ele próprio ex-ministro da Saúde, para revelar a verdade que eu lhes havia antecipado.
Costa participou de um debate com Emanuel Fortes, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, no programa “Entre Aspas” (GloboNews), comandado pela jornalista Mônica Waldvogel. O link está aqui.
A partir dos 8min49s, o petista afirma com todas as letras:
“Esse programa já vem sendo trabalhado há um ano e meio. Boa parte desses cubanos já trabalharam em países de língua portuguesa, não têm dificuldade com a língua. E, ao longo desse um ano e meio, eles vêm tendo conhecimento sobre o sistema de saúde no Brasil, doenças que existem aqui e não existem lá…”
Pronto!
Eis aí a confissão. Então já havia um programa em curso, assegura o petista. Os cubanos, ele garante, já vinham estudando até o sistema de saúde no Brasil. Assim, quando o ministro Alexandre Padilha veio a público, no dia 6 de julho, para anunciar que o governo havia desistido de importar os escravos de Fidel e Raúl Castro, estava, deixem-me ver que verbo usar… Já sei: o ministro, segundo Humberto Costa, estava mentindo.
Havia, pois, um programa secreto em curso, e isso explica a desídia no governo federal para criar incentivos para a interiorização de médicos brasileiros. Todas as circunstâncias foram criadas, isso agora está claríssimo — e há uma confissão —, para trazer os cubanos. Quando Aloizio Mercadante e o próprio Padilha defenderam aqueles dois anos a mais no curso de graduação de medicina — depois, houve o recuo —, tratava-se de mera ação diversionista.
Agora fica claro, também, por que o governo sempre evitou o diálogo aberto com as associações médicas e decidiu implementar um programa ignorando a categoria. Seu interlocutor privilegiado era a ditadura cubana.
E Patriota?
E o Ministério das Relações Exteriores? Qual é o seu papel nessa patranha petralha? Cumpre lembrar que o Itamaraty participou dessa negociação. Também ele pôs suas digitais num acordo que se fazia na surdina e que resultará na reintrodução do trabalho escravo no Brasil, ainda que muitos possam ser servos voluntários de uma ideologia. Encerro lembrando que os jornalistas investigativos têm aí uma bela pauta. Que programa era esse? Que material foi produzido para que os estrangeiros conheçam as doenças da pobreza brasileira e dos rincões? Quem preparou esse material? Por que se fez tudo à socapa? E por que, finalmente, Padilha mentiu?
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Alexandre Padilha, médicos cubanos, Ministério da Sáúde

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290 COMENTÁRIOS
26/08/2013
às 3:56
Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, decidiu atuar como agente da polícia política de Cuba. Ou: Em matéria de refúgio, só para terrorista homicida
O advogado-geral da União, numa curta entrevista, protagonizou uma das cenas mais infames dos quase 11 anos de governo petista. Eu mal podia acreditar no que via e ouvia. Com os meridianos da hombridade ajustados, não teria falado o que falou. Depois de tê-lo feito, ainda que combalida, a hombridade remanescente deveria levá-lo a se demitir. Como ele vai ficar, o resto é conclusão óbvia. Já chego ao ponto. Antes, uma lembrança.
Adams conseguiu sair sem arranhões daquele assunto que quase todo mundo, muito especialmente a imprensa e a oposição, já esqueceu, embora permaneça sem solução: a quadrilha chefiada por um tal Paulo Vieira, que atuava no seio da Presidência da República. É o caso que envolve Rosemary Noronha, aquela senhora que passou a ser chamada de “amiga íntima de Lula”. Caro leitor, se você troca confidências com um amigo íntimo, conta-lhe coisas da sua vida privada, ouve conselhos, e atua com reciprocidade, isso pode ser uma amizade íntima. Se vocês decidirem ir para a cama, e não para dormir a prudente distância, aí é bem provável que ele seja seu amante. Sigamos.
A apuração custou a cabeça do então nº 2 da AGU, José Weber Holanda, que foi indicado pela PF por corrupção passiva. Holanda era homem da estrita confiança de Adams. Tanto é assim que o defenestrado foi até avalista do contrato da casa de aluguel em que mora o advogado-geral. Adams também frequentava a casa do encrencado, o que o forçou, na época, a emitir uma nota: “Eu conheci o Weber trabalhando na AGU. Durante esses dez anos de convivência, cheguei a frequentar a casa dele em alguns momentos. No entanto, na maioria das vezes, a minha relação com ele era técnica e profissional”. Certo! Técnica, profissional, mas na casa do rapaz, que foi seu fiador. Parece que os limites entre o público e o privado na AGU podem melhorar.
Benevolente, a imprensa deixou Adams de lado. E se acabou ignorando que o homem que cuidava mesmo do dia a dia da AGU era Holanda, que tinha todo o amparo do titular. Adams se sentiu injustiçado. Andou dizendo por aí que estava sendo vítima de fogo amigo, que setores do PT queriam derrubá-lo… Acabou se segurando no cargo. E, sei lá, talvez tenha visto no episódio da vinda dos médicos cubanos a chance de mostrar à petezada que ele é, sim, um bom companheiro entre bons companheiros.
Os jornalistas dirigiram a Adams uma questão absolutamente pertinente: qual será a reação do governo brasileiro caso médicos cubanos peçam asilo ao governo brasileiro? Respondeu a excelência: “Nesse caso me parece que não teriam direito a essa pretensão. Provavelmente seriam devolvidos.” E ele foi adiante, tentando explicar: “Todos os tratados, quando se trata de asilo, [consideram] situações que configurem ameaça por razões de ordem políticas, de crença religiosa ou outra razão. É nesses condições que você analisa as situações de refúgio. E, nesse caso, não me parece que configuraria essa situação”.
É um escárnio! Vindo do advogado-geral da União, é um acinte. Eu nem acho que médicos cubanos pedirão asilo. E por três razões principais — há uma penca delas: 1) são quadros do Partido Comunista; 2) mesmo com o governo cubano confiscando a maior parte do seu salário, ganhariam muito menos na ilha; 3) suas respectivas famílias não os acompanham — ficaram em Cuba, à mercê do regime.
Mas atenção! Digamos que houvesse o pedido; e aí? Adams já deu a resposta. O governo do Brasil repetirá o que fez com os dois pugilistas. Para usar a linguagem de Adams, se alguém se atrever a fazer isso, será “devolvido”. Adams virou agora porta-voz da polícia política cubana. Fosse Cuba um regime democrático, tal pergunta nem lhe seria dirigida. Ela só faz sentido porque estamos a falar de uma ditadura. E não que lhe faltasse a resposta óbvia e decente: “Não haverá exceção nesse caso; o Brasil procederá segundo as leis que tratam do assunto, e um eventual pedido seria analisado, mas não me cabe fazer especulações a respeito porque isso é da alçada do Ministério da Justiça”. E pronto! Mas não.
Adams, aquele que disse que petistas já tentaram derrubá-lo, decidiu dar uma resposta que não é a de um advogado-geral, mas a de um militante — ou própria de quem está se submetendo a uma orientação de caráter político e ideológico. Como ele pode afirmar, de antemão, que não existem motivos? Mas não pensem mal de Adams. A depender do caso, ele é favorável a refúgio, sim: defendeu, por exemplo, que o terrorista Ceare Battisti ficasse no Brasil. Ah, bom!
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Cesare Battisti, Luís Inácio Adams

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79 COMENTÁRIOS
24/08/2013
às 20:09
Enquanto Dilma se recupera, o PSDB repete os velhos erros de sempre e continua imbatível na arte de vencer o… PSDB!
Segundo pesquisa do Ibope, encomendada pelo Estadão, publicada neste sábado, Dilma recuperou parte da popularidade perdida, embora esteja ainda muito distante do seu melhor momento, quando superava os 60% de bom é ótimo. Agora, 38% assim veem o seu governo, contra 31% na pesquisa anterior, de 12 de junho. Os que consideram sua gestão ruim ou péssima caíram de 31% para 24%. Antes e agora, 37% dizem que o governo é regular. O Datafolha já havia registrado o que parece ser um processo de recuperação de prestígio da presidente. Pois é… Por que caiu e por que recomeçou a subir? Pelos mesmos, digamos, não motivos. Sim, eu acho o governo muito ruim e faz tempo. Mas a maioria dos brasileiros dizia o contrário até pouco antes dos protestos de junho. Sem que tivesse piorado muito o que ruim já era (mas poucos viam), a popularidade da petista despencou (e dos políticos em geral; só Marina Silva ascendeu). Sem que tenha melhorado um milímetro o que continuou ruim, a popularidade começou a subir. Eu escrevi aqui umas 300 vezes que esse negócio de esferas de sensações serve para terapia de grupo, para queimar ervas aromáticas e, sei lá, debater assuntos metafísicos. Em política, a soma costuma resultar em zero, quando não é negativa. Quando Dilma desceu ladeira abaixo, afirmei, sob o protesto de muitos leitores, em debate na VEJA.com, que ela seguia sendo a franca favorita para 2014.
Como é sabido — será que o Ibope também fez pesquisa eleitoral? —, Dilma recuperou parte dos eleitores, segundo o Datafolha. A oposição, segundo aquele instituto, não apenas deixou de ganhar prestígio junto ao eleitorado como o perdeu. Naquela pesquisa, Aécio Neves teve uma queda nas intenções de voto. Em vez de subir, caiu. Explica-se por causas que não dependem da vontade do PSDB e por outras que dependem. A variável independente, como se sabe, está, sim, ligada às manifestações de rua: tratou-se de uma ação contra a política tradicional — logo, contra os tucanos também.
Mas é claro que há erros brutais de condução. Aécio ter-se tornado o presidente do partido foi um deles. Tudo para quê? Para tentar eliminar José Serra da corrida logo à partida. Ocorre que era para eliminar, mas, ao mesmo tempo, para conservá-lo na legenda, entendem? Há muito se tenta a quadratura do círculo. Ninguém até hoje foi bem-sucedido. Há dias, Aécio disse que nada tinha contra prévias. O paulista, então, disse que aceitava, indagando as condições em que seriam realizadas. Em vez de essas condições serem expostas, o que se vê é uma espécie de rolo compressor — o mesmo que procurou excluí-lo — para que, então, não se façam as prévias.
Que tipo de notícia?
E aí se deu o fenômeno muito frequente, mas, mesmo assim, curioso. O mineiro, que andava sumido do noticiário, reapareceu, a exemplo do que se verifica neste exato momento. O jornalismo online relata que, em Barretos, interior de São Paulo, seu nome foi “lançado” à Presidência. Nem poderia ser diferente. Num discurso, o senador disse algo como: “Iniciamos o caminho da vitória para a Presidência…”. Mas, é claro, ninguém quer que Serra saia do partido. Então tá.
Vejam bem. Não faltaram, nesses dias, motivos para que o presidente do PSDB aparecesse e procurasse polarizar o noticiário. O PSDB está sendo vítima de uma conspirata asquerosa que passa pelo Cade. O caso Siemens é uma das mais bem urdidas tramoias dos últimos tempos. Não! Não estou negando que larápios possam ter roubado dinheiro. O que não entendi até agora é por que o tal acordo de leniência com a Siemens, que tem contratos bilionários com o governo federal, especialmente na área de energia, só abrange obras de São Paulo. Documentos supostamente sigilosos em poder do Cade são cuidadosamente vazados para comprometer tucanos.
Cadê Aécio? Bem, seus estrategistas, não sem certa razão, devem ter recomendado: “Fique longe disso”. Ele ficou. Mas, então, quem falou? Cadê a voz institucional do partido? Cadê, mutatis mutandis, o Rui Falcão deles? Não há. A defesa ficou inteiramente por conta do PSDB de São Paulo. Até uma iniciativa correta e sensata de Alckmin, ditada pelo destemor de quem sabe que, pessoalmente, nada deve, foi achincalhada pelo petismo e pela imprensa petistófila: a decisão de recorrer à Justiça para recuperar, então, parte do dinheiro que executivos da Siemens, segundo entendi, admitem ter sido roubado do estado em razão da formação do cartel. E não se ouviu a voz institucional do partido.
No caso dos médicos cubanos, a mesma coisa. O que se vê, não há como dourar a pílula, é trabalho escravo. A saúde brasileira está em situação miserável, e o ministério vai repassar à ditadura cubana coisa de R$ 480 milhões por ano — só uma ínfima parte será convertida em salário. Sim, o senador disse uma coisinha aqui, outra ali, mas nada de uma reação substantiva, à altura do seu posto no partido e da gravidade do assunto. Por que não? Pelo mesmo motivo. Vai que a população acabe gostando desse negócio, e ele terá de enfrentar, depois, a candidata-presidente Dilma a acusá-lo de ter sido contra e coisa e tal. Os números dos descalabros da saúde e os aspectos jurídicos e políticos absurdos do programa estão sendo expostos é por parte da imprensa — a outra parte já aderiu e já começou a babar.
Entendo. Os tucanos, como sempre, esperam para ver para onde vai o trem. A depender do caso, tentam sentar na janelinha ou fazer de conta que nada está acontecendo. Não existe alternativa de oposição se não há valores de oposição.
Agora que Serra demonstrou interesse em disputar, sim, e que indagou quais são as condições das prévias, o noticiário é entupido de offs assegurando que não haverá prévia coisa nenhuma, que está tudo decidido, que isso e que aquilo. Tucanos, em suma, só conseguem ser notícia quando estão batendo boca entre si, ainda que por intermédio de terceiros. Eles deveriam ter claro que nós todos já sabemos de sobejo uma coisa: eles são excelentes na guerra interna — e o jornalismo se diverte com as redes de intrigas. Eles só não sabem vencer petistas nas disputas federais — não sem a “novidade” do Plano Real ao menos, que foi o grande estrategista tucano em 1994 e 1998.
Sem polarizar com o governo em nada e sem estabelecer um eixo claro de ação, os tucanos vão levando a vida. O governo, depois de um período de zonzeira, está se reencontrando no que concerne ao marketing. A gestão continua ruim pra chuchu. O país vai amargando resultados que o inviabilizam no médio prazo, tudo o mais constante. Até as eleições, no entanto, nada que possa prejudicar Dilma em excesso.
Mas, é claro, alguns lerão este texto e dirão: “Ah, é que o Reinaldo vota no Serra e então escreve essas coisas…”. Digamos que vote — e, se ele for candidato, votarei, sim —, fica a pergunta: isso muda a realidade tucana em quê? Não existe política que consista numa fuga permanente das questões políticas. O resultado se colhe nas urnas.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Aécio Neves, Governo Dilma, PSDB, Serra

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370 COMENTÁRIOS
24/08/2013
às 19:17
Dilma lança ofensiva sobre territórios tucanos
Por Gabriel Castro. Comento no próximo post.
Quando resolveu retomar a rotina de viagens depois dos protestos que chacoalharam o país há dois meses, a presidente da República, Dilma Rousseff, optou por uma rota diferente da que havia percorrido nas semanas anteriores. Até então, ela priorizara o Nordeste. Agora, o foco é outro: São Paulo e Minas Gerais, principais territórios sob influência política do PSDB. Desde 31 de julho, Dilma esteve cinco vezes em cidades paulistas e duas no estado vizinho. As outras viagens foram para o Rio de Janeiro, durante a Jornada Mundial da Juventude, Rio Grande do Sul, onde vive sua filha, e agendas internacionais para o Paraguai e o Uruguai. Na semana que se inicia, Dilma não vai mudar o roteiro: na terça-feira, ela visitará Belo Horizonte. Na quinta, a presidente volta a Campinas (SP). Ao final de agosto, a soma de viagens somará seis paradas no território paulista e três no Minas Gerais em um mês. É um número incomum.
O pretexto para as viagens de Dilma é o que menos importa: o essencial é ter um palanque para discursar, plateia e espaço na imprensa regional para fazer ecoar seu discurso. Em Cristália (SP), por exemplo, a presidente participou da inauguração da nova fábrica de biotecnologia e de citostáticos da cidade. Em São João del-Rei (MG), relançou um programa que já havia sido anunciado muito tempo antes: o PAC Cidades Históricas. Antes dos protestos que forçaram o governo a corrigir os rumos e prenderam a presidente em Brasília por aproximadamente um mês, Dilma priorizava o Nordeste. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, era visto como uma ameaça real para 2014, e se tornou importante fazer uma ofensiva na região onde o representante do PSB é mais forte.
Com a queda na popularidade, Dilma se recolheu no Palácio do Planalto por um mês. Depois, passou a dar ainda mais importância às viagens. E o cenário se alterou: Eduardo Campos, que ainda hesita em lançar-se candidato, é o último dos quatro principais nomes nas pesquisas eleitorais. Marina Silva ainda luta para formalizar o seu partido, a Rede Sustentabilidade, a tempo de disputar a Presidência em 2014. Por isso, a atenção do Planalto se volta para os tradicionais adversários do PSDB, que têm em São Paulo e Minas Gerais seus redutos eleitorais.
São João del-Rei, cidade visitada pela presidente em 20 de agosto, é nada menos do que a terra-natal do tucano Aécio Neves, virtual candidato do PSDB. Lá, Dilma posou ao lado de prefeitos – muitos deles, aliados de Aécio – e elogiou Tancredo Neves, avô do tucano. É uma clara ofensiva em território inimigo.
Aécio reagiu: diz que os passeios da presidente podem configurar propaganda antecipada. “É uma prerrogativa que ela tem. Mas, obviamente, a Justiça Eleitoral deve estar atenta a essa excessiva movimentação com um caráter evidentemente eitoral”, diz o presidente do PSDB e possível candidato ao Palácio do Planalto. O tucano afirma que o PAC Cidades Históricas, anunciado pela presidente em São João del-Rei, não resultou na aplicação de um real sequer.
Além da ofensiva de viés eleitoral, as viagens de Dilma para São Paulo e Minas Gerais podem ter sido motivadas pela tentativa de recuperar sua popularidade onde ela mais caiu: no Sul-Sudeste. No Nordeste e no Norte, apesar da queda, a presidente ainda tem um prognóstico eleitoral mais confortável. Outro elemento ajuda a explicar a mudança de foco: o interesse do PT em tirar os tucanos de seus dois principais governos estaduais. Reforçar as realizações do governo petista entre paulistas e mineiros ajuda a contrabalancear a hegemonia tucana nos dois estados e pode preparar o terreno para candidaturas de oposição.
Apesar da nítida mudança de prioridade na agenda da presidente, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) diz que a intensificação das viagens de Dilma a São Paulo e Minas é uma “coincidência”, e lembra que esses são os dois estados mais populosos da nação. “É natural a presidente ir a São Paulo, que condensa boa parte do PIB e da população do país”, afirma. Segundo Vaccarezza, também não é verdade que o PT tenha lançado uma ofensiva para, além de reconquistar apoio para Dilma, minar as bases dos governos tucanos nos dois maiores estados do país.
Caravanas
O senador Aécio Neves também deve aumentar as viagens pelo Brasil – embora com bem menos frequência do que a petista. Ao contrário de Dilma, que tem obras a inaugurar e verbas federais a oferecer a prefeitos e governadores, Aécio se dedica a encontros de bastidores e reuniões com militantes. Sempre que possível, ele também concede entrevistas a veículos de imprensa regionais. O foco do tucano, por ora, se divide entre São Paulo – onde há resistência ao seu nome dentro do PSDB – e Nordeste, onde o senador ainda é pouco conhecido.
Nos dias 13 e 14 de setembro, Aécio irá a Curitiba (PR) para um encontro com a militância tucana e seus aliados da região Sul. Nos meses seguintes, ele participará de eventos semelhantes em Maceió (AL), Manaus (AM) e Goiânia (GO), para mobilizar apoiadores no Nordeste, no Norte e no Centro-Oeste, respectivamente. A frequência das viagens de Aécio é bem menor do que as de Dilma. Mas o presidente do PSDB mineiro, Marcus Pestana, não vê problema: “Não medimos nosso ritmo pela régua dos adversários. Nosso candidato tem luz própria”.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Dilma, Eleições 2014

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46 COMENTÁRIOS
24/08/2013
às 19:08
ESCÂNDALO BILIONÁRIO 2 – O PT, a guerra contra Daniel Dantas, a criação da Oi e o dia em que Lula mudou uma lei só para viabilizar um negócio dos seus amigos
(Leia primeiro o post anterior)
No post anterior, vocês leem que um deputado do PT, Vicente Cândido (SP), perguntou a um conselheiro da Anatel quanto ele cobrava para atender a um pleito seu. E que reivindicação era essa? Queria que uma dívida de R$ 10 bilhões da Oi com o estado brasileiro — decorrente de multas em razão do não cumprimento do que vai em contrato — fosse reduzida, descobriu-se depois, em imodestos… 80%. O decoroso e moralista deixou claro que falava em nome de Lula. Muito bem! Cumpre aqui lembrar como e por que se formou a Oi, sob que desculpa e em que ambiente institucional.
Comecemos do começo. A briga de foice entre Daniel Dantas e setores do petismo estava ligada ao controle da Brasil Telecom. Sobraram golpes baixos de todos os lados, mas uma coisa é certa: a companheirada tramou para tentar tirar o empresário da companhia. Eram aqueles tempos que parte do atual JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista) acusava qualquer pessoa que se atrevesse a criticar o PT e os petistas de “agente de Daniel Dantas”. Inventaram um demônio para poder demonizar os críticos.
Dantas finalmente cedeu e resolveu vender a sua participação na Brasil Telecom, que acabou sendo comprada pela… Telemar, o que resultou na gigante Oi. Lula, pessoalmente, sem intermediários, se encarregou de protagonizar um dos maiores escândalos do país: decidiu que o BNDES financiaria a operação. Para Dantas, foi um negocião: vendeu a sua parte por R$ 2 bilhões e saiu da mira do petismo. Aquilo a que se assistiu, a partir de então, foi um espetáculo grotesco. Transformou-se a criação da “Oi” numa manifestação de afirmação e resistência nacionalistas.
Segundo a versão oficial, ditada, então, por Franklin Martins e pressurosamente espalhada por áulicos, anões, mascates e jornalistas “dualéticos” (aqueles que têm duas éticas: uma para os petistas e outra para os demais), Lula, o Numinoso, queria criar uma grande empresa nacional para competir com as gigantes estrangeiras — caso contrário, as brasileiras seriam engolidas. Como se vê, o resultado é um espetáculo: a Oi está devendo R$ 10 bilhões só em multas e vale R$ 8 bilhões no mercado.
O Apedeuta mobilizou o governo para dar suporte à operação. Com um detalhe: nunca antes nestepaiz se havia feito um negócio bilionário que dependesse de uma mudança ad hoc da lei: se Lula não alterasse o decreto da Lei das Outorgas, a operação não poderia ser realizada. Mas ele prometeu mudar. Seu amigo Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez, ficou feliz. Carlos Jereissati, da Telemar, sócia de Lulinha da Gamecorp, também. Atenção! LULA MANDOU O BNDES FINANCIAR A OPERAÇÃO DE COMPRA DA BRASIL TELECOM ANTES MESMO DE MUDAR A LEI. Ou por outra: quando decidiu que o banco oficial entraria na parada, estava praticando uma ilegalidade.
O Apedeuta deixou claro: o BNDES só financiaria a operação e ele só mudaria a lei se fosse para a Telemar comprar a Brasil Telecom. Se, por exemplo, a interessada fosse a então Telefonica, nada feito! E assim se fez.
O novo escândalo que agora vem à luz indica que a operação continua a depender do dinheiro público. Se a Anatel não livrar a empresa da multa bilionária, a Oi vai para o vinagre — e, como é sabido, um dos seus sócios é o BNDES. À época, defini assim a ação de Lula: nas democracias, os negócios são feitos segundo as leis; nas repúblicas bananeiras, as leis são feitas de acordo com os negócios.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Daniel Dantas, Lula, Oi, Sérgio Andrade

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90 COMENTÁRIOS
24/08/2013
às 18:19
ESCÂNDALO BILIONÁRIO – Deputado do PT, amigo de Lula, pergunta a conselheiro da Anatel quanto ele cobra para resolver uma pendência da Oi com o estado que chega a R$ 10 bilhões. O nome disso? Propina!

O petista Vicente Cândido: ele atua como lobista da Oi e ainda pergunta a conselheiro da Anatel: “Honorários?”. Trata-se de um gigante moral!
Eles são quem são. E isso não tem cura. Reportagem de Rodrigo Rangel na VEJA desta semana traz à luz um escândalo de dimensões bilionárias. Há muito tempo, como se sabe, os petistas abandonaram o patamar dos milhões. Isso era para gente amadora; para corruptos que corriam o risco de ser pegos e ser enforcados pela opinião pública. Os companheiros são mais espertos. Praticam com maestria o que antes diziam condenar e ainda mandam enforcar. A síntese da história é a seguinte: Vicente Cândido, deputado federal (PT-SP), um figurão do partido, embora não seja muito conhecido, chamou a seu gabinete um conselheiro da Anatel de nome Marcelo Bechara. O deputado está interessado em livrar a cara da Oi, empresa que tem como sócios amigos do Luiz Inácio Apedeuta da Silva — o mais intimo é Sérgio Andrade. A empresa deve ao estado brasileiro nada menos de R$ 10 bilhões em multas — embora o valor de mercado da companhia seja de R$ 8 bilhões. O parlamentar quis saber como Bechara podia ajudar a Oi e sugeriu falar em nome de Lula. A conversa, a esta altura, já tinha ultrapassado o limite do aceitável. Mas ele foi mais longe. Num papelucho, escreveu a seguinte palavra, acompanhada de um ponto de interrogação, e exibiu ao conselheiro: “Honorários?”.
Isso mesmo. Vocês entenderam direito. Um deputado do PT, atuando a favor dos interesses de uma empresa privada que tem como sócios amigos pessoais de Lula, abordou um conselheiro da Anatel e indagou quanto ele cobrava para dar um jeitinho. Atenção! BECHARA CONFIRMA QUE ISSO ACONTECEU. Mas ainda é de menos. O PRÓPRIO VICENTE CÂNDIDO ADMITE TER ESCRITO A PALAVRINHA. Mas se sai com uma desculpa esfarrapada. “Eu queria saber se ele tinha honorários.” Sim, vocês entenderam direito: um deputado do PT ofereceu propina a um conselheiro da Anatel.
Houve ainda um segundo encontro. Aí o buliçoso petista entregou a Bechara as pretensões da Oi, com o timbre da Jereissati Participações (de Carlos Jereissati), uma das acionistas da companhia. Lá está o que quer a empresa, de que o petista virou um negociador: redução de 80% daquela dívida de R$ 10 bilhões e mudança urgente na regra que obriga uma telefônica a manter 4 telefones públicos por mil habitantes na área em que opera. Antes de falar com Bechara, naquele mesmo dia, Vicente Cândido havia se encontrado com Lula. Leiam trecho da reportagem. Volto em seguida.
*
No fim de 2008, uma canetada do então presidente Lula permitiu a compra da Brasil Telecom pela Oi, uma das mais complexas e questionadas transações do mercado brasileiro nos últimos tempos. A assinatura aposta por Lula no decreto que abriu caminho para o negócio foi justificada com um argumento repleto de ufanismo: era preciso criar um gigante nacional no setor de telecomunicações para competir em condições de igualdade com as concorrentes internacionais. A operação bilionária foi cercada de polêmica por outras razões. Primeiro, porque a Oi fechou o negócio graças a um generoso financiamento público. Além disso, a empresa tinha e tem entre seus controladores o empresário Sérgio Andrade, amigo do peito de Lula desde os tempos em que o petista era um eterno candidato a presidente. E a mesma Oi, três anos antes, investira 5 milhões de reais na Gamecorp, uma empresa até então desconhecida pertencente a um dos filhos do presidente. À parte as polêmicas, a supertele nacional não decolou como planejado e o discurso nacionalista logo caiu por terra — e com a ajuda do próprio petista, que meses antes de deixar o Planalto criou as condições para que a Portugal Telecom comprasse uma parte da companhia.
Com o passar do tempo, porém, a Oi perdeu valor de mercado, viu aumentar suas dívidas em proporções cavalares e hoje enfrenta sérias dificuldades para investir, o que para uma empresa do ramo de telecomunicações é quase como uma sentença de morte. O destino da companhia é motivo de preocupação para o governo e para o ex-presidente Lula. Em especial, pela possibilidade de o insucesso da empresa causar danos políticos às portas de uma campanha presidencial em que o PT pretende estender sua permanência no poder. Como explicar a ruína de um megaprojeto liderado pela maior estrela do partido e bancado em grande medida com dinheiro dos cofres públicos? Uma tarefa difícil, certamente. É legítimo que haja um esforço para ajudar uma empresa nacional. É legítimo que esse esforço também envolva agentes políticos. O que não é legítimo é a solução do problema passar por lobbies obscuros, negociatas entre partidos e até uma criminosa proposta de pagamento de propina a um servidor público em troca de uma ajuda à empresa — episódio que aconteceu no início do mês nas dependências do Congresso Nacional, em Brasília, envolvendo o deputado federal Vicente Cândido, do PT de São Paulo, e o conselheiro Marcelo Bechara, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Indicado para o cargo pelo PMDB, em 6 de agosto Marcelo Bechara foi ao gabinete do deputado depois de receber um telefonema do parlamentar convidando-o para uma visita. Entre uma conversa e outra, Cândido engrenou o assunto principal: a cobrança de multas bilionárias aplicadas à Oi pela agência. Advogado por formação, Bechara é conhecido por sua capacidade de formatar soluções jurídicas para questões aparentemente insolúveis. Ele fora o relator de uma proposta que pode dar um alívio e tanto ao combalido caixa da empresa e que será debatida em breve no conselho diretor da Anatel. A proposta regulamenta a cobrança de multas aplicadas às companhias telefônicas. As da Oi, atualmente, somam mais de 10 bilhões de reais — uma cifra astronômica em todos os aspectos, ainda mais se comparada ao valor de mercado da companhia, estimado em menos de 8 bilhões de reais.
(…)
Voltei
Leiam a íntegra da reportagem. Ela traz outras informações importantes sobre como funciona a República Petista em Brasília. Verão que o deputado já tratou do assunto com Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, e que a mão que balança o berço por trás dessa história toda pertence a… Erenice Guerra, amigona da presidente Dilma Rousseff. Ficarão sabendo ainda de uma festança em Brasília para comemorar o aniversário de João Rezende, presidente da Anatel. Ele diz nem saber quem pagou aquilo tudo. Uma coisa é certa: entre os convivas, havia diretores de empresas que cabe à sua agência investigar, inclusive Carlos Cidade, um dos chefões da Oi.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Anatel, Lula, Oi, telefonia, Vicente Cândido

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76 COMENTÁRIOS
24/08/2013
às 15:26
A perua enlouqueceu! Ministério da Cultura, sob o comando de Marta Suplicy, concede R$ 2,8 milhões de incentivo da Lei Rouanet para estilista podre de chique desfilar em Paris
Vejam esta imagem. Volto em seguida.

Voltei
Marta Suplicy, hoje ministra da Cultura — com o integral apoio de Pablo Capilé —, tem, pode-se dizer, um eixo que a orienta: é podre de chique! Mesmo diante das maiores adversidades, jamais abriu mão de oferecer ao povo o que tem de melhor: seu guarda-roupa. Em 2004, um pequeno texto publicado na VEJA (imagem acima) fez história (link aqui).
A então prefeita tinha acabado de voltar de uma viagem a Londres e, mesmo assim, generosa, resolveu visitar uma área castigada pelas enchentes. Reproduzo trecho daquele texto:
“Com um bem cortado modelito verde, a mesma cor da pedra cravejada nos brincos que os cabelos loiros presos em coque deixaram à mostra, ao voltar de uma rápida viagem a Londres ela visitou uma das áreas mais atingidas pelas enchentes que castigaram a capital paulista durante vários dias. Elegantíssima, pisou com desenvoltura no lamaçal que tomou conta da região de Aricanduva, na Zona Leste, mas, contrariamente ao que costumava acontecer nessas aparições, deu-se mal. Moradores revoltados com as cheias partiram para hostilidades. Marta foi vaiada e chegaram a jogar lama em sua direção, sem atingi-la.”
Marta processou VEJA por causa do título. Lesse o dicionário, veria que “perua”, além de ser a fêmea do peru, também designa a mulher que “que se dá ares de elegante, mas que se veste espalhafatosamente”. Obviamente, a palavra foi empregada com esse sentido. Ela perdeu o processo.
Muito bem! O apreço da agora ministra pela moda, no entanto, é mesmo inquebrantável. Acabo de ler na VEJA desta semana que o estilista Pedro Lourenço poderá captar até R$ 2,8 milhões por intermédio da Lei Rouanet para participar da Semana de Moda em Paris.
Como???
Sim, sim, moda também é cultura e coisa e tal. Mas faz sentido a Lei Rouanet financiar um estilista? VEJA fez uma entrevista com o rapaz. Leiam trechos, com comentários.
VEJA – Por que você resolveu desfilar com dinheiro da Lei Rouanet?
LOURENÇO – É o começo de uma nova percepção do governo. Tem muita empresa quebrando no Brasil. Se o Cristian Lacroix quebrasse, teria um superincentivo na França. Ele é o que Clô Orozco (morta em março) era aqui. Quando ela quebrou, ninguém olhou.
Comento
Esse rapaz é filho de dois badalados estilistas brasileiros: Reinaldo Lourenço e Glória Coelho. Ele tinha, sei lá, uns sete anos, e já era considerado o Mozart do mundo fashion tupiniquim. Que eu saiba, os pais nunca precisaram de dinheiro público para fazer carreira. Esse cara tem, atenção!, VINTE E DOIS ANOS. Nas ideias, no entanto, tem a idade do atraso e da miséria brasileira. Ele acha que uma das tarefas do governo é socorrer empresas que quebram. Vamos lá: se Pedro Lourenço quebrasse, quantos empregos deixariam de ser gerados no Brasil? Qual seria o prejuízo efetivo dos brasileiros? A esmagadora maioria não poderia comprar as suas roupas ainda que quisesse. Eu sou contra qualquer lei de incentivo, já escrevi aqui, mesmo para a cultura propriamente. Mas vá lá: qualquer brasileiro pode, desde que tenha o gosto para tanto, ouvir um músico de vanguarda que eventualmente conte com apoio oficial. Mas quem pode comprar as roupas do janota enfatuado? Quem tem dinheiro para isso? ATENÇÃO! É LEGÍTIMO QUE OS ENDINHEIRADOS COMPREM O QUE LHES DER NA TELHA! Eu quero saber é por que esse rapaz vai participar de um evento da alta moda em Paris com o dinheiro dos desdentados. A perua enlouqueceu.

Pedro Lourenço – Ele produz artigos de luxo para os muitos ricos e é bem-sucedido nisso. Por que precisa desfilar em Paris com o dinheiro dos desdentados?

Qual será o destino das peças dos seus desfiles financiados pela Lei Rouanet?
Serão destinadas a instituições brasileiras que as guardarão.
Quais?
Você pode entrar em contato com a Juliana aqui do marketing que ela lhe passa o contato da Didi, que está cuidando dessa parte.
Comento
Ah, esse descolamento da vida prática que exibem os gênios, né? Ele só vai ter acesso à grana, gente! É demais querer saber isso tudo. Aí é com a Juliana, que vai falar com a Didi, que… Imagino como era chato quando indagavam Rimbaud ou o jovem Mozart sobre coisas corriqueiras. Esses “enfants terribles” logo se entediam. Não é diferente com Pedrinho. Ele acabou perdendo a paciência com a repórter. Mais um pouco, pegava o seu bodoque. Acompanhem.
Sua roupa é relevante?
Peça de estilista que tem trajetória internacional vai se tornar história no futuro.
Por que acha que sua coligação será história?
Pode se tornar. Olhe, você disse que ia fazer três perguntas e já fez um monte.
Comento
Viram só? Ficou irritado! Quer usar o nosso dinheiro, mas acha que não tem de dar satisfações a ninguém. É, pensando bem, se a Marta aprova, que se dane o povo. Ora, ora… Por que, então, um “estilista de trajetória internacional” precisa do dinheiro público? Folga? Preguiça?
O cantor, compositor e escritor Lobão concede uma entrevista às Páginas Amarelas da VEJA desta semana (depois comento). Entre outras coisas, trata dos descaminhos da Lei Rouanet. Eu também acho que a intenção, na origem, pode até ter sido boa. Mas as consequências são desastrosas para a cultura e para a moralidade pública. A proteção do estado torna preguiçosos os criativos e permite toda sorte de desmandos. Ainda voltarei ao tema. De todo modo, convenham: ninguém esperava algo muito melhor de Marta Suplicy à frente do Ministério da Cultura, não é mesmo? E o pior é que essa nem é a coisa mais estúpida que ela fez na pasta.
A perua endoidou. Como diria Pedro, o estilista, “isso ainda vai se tornar histórico no futuro…”.
Ô se vai!
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Lei Rouanet, Marta Suplicy, Ministério da Cultura, Pedro Lourenço

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209 COMENTÁRIOS
24/08/2013
às 14:06
Casa Civil afasta assessor do Planalto acusado de estupro de menores

Gaievski, o assessor acusado de estupro e que teve prisão preventiva decretada, ao lado da presidente Dilma num seminário contra a corrupção ocorrido no ano passado. Petistas não toleram corrupção!
Por Laryssa Borges, Na VEJA.com:
A Casa Civil da Presidência da República confirmou neste sábado o afastamento do assessor especial Eduardo André Gaievski (PT), acusado de estupro de menores. Conforme revelou o site de VEJA, a Justiça de Realeza, no Paraná, decretou no fim da tarde de sexta-feira a prisão preventiva do servidor sob a acusação de estupro de vulneráveis. As acusações contra Gaievski, ex-prefeito de Realeza (PR), dão conta de que ele oferecia dinheiro a meninas pobres em troca de sexo.
Em nota, a Casa Civil informou que o funcionário ficará longe de suas funções “até que sejam apuradas as circunstâncias e veracidade das acusações”.
Eduardo Gaievski foi prefeito do município de Realeza por dois mandatos, entre 2005 e 2012. Em janeiro, a convite da ministra Gleisi Hoffmann, assumiu o cargo de assessor especial da Casa Civil e ficou encarregado de coordenar programas sociais ligados a menores: combate ao crack e construção de creches.
O assessor nega as acusações de estupro e atribui as denúncias a adversários políticos que teriam interesse em prejudicar a ministra, que deve se lançar candidata ao governo do Paraná. Gaievski também considera que as denúncias são uma retaliação de integrantes do Ministério Público do Paraná, que teriam sido denunciados por ele quando era prefeito de Realeza.
Acusações
Um inquérito que tramita em segredo no fórum da cidade reuniu depoimentos de supostas vítimas. Segundo os relatos, o então prefeito oferecia dinheiro a meninas pobres em troca de sexo. “Eu tinha 13 anos de idade e o prefeito foi me buscar no colégio para levar para o motel”, diz J. S., uma das vítimas, que hoje está com 17 anos. O prefeito, segundo os relatos, aliciava as garotas usando mulheres mais velhas para convencê-las a manter relações com ele.
“A gente era ameaçada para não contar nada a ninguém”, diz A.F., que tinha 14 anos quando foi levada ao motel Jet’aime pelo prefeito três vezes, recebendo entre 150 e 200 reais cada uma delas. P.B., outra suposta vítima, contou que saiu com o prefeito três vezes em troca de um emprego na prefeitura. “Hoje tenho depressão e vivo a base de remédios”, conta a moça, que está com 22 anos. “Quando ele enjoou de mim, fui demitida.”
Por Reinaldo Azevedo
Tags: estupro, Governo Dilma, PT

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77 COMENTÁRIOS
23/08/2013
às 19:58
“Vamos até o fim”, diz o valentão Padilha, sobre o trabalho escravo dos cubanos! Quanta coragem, não?
Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
Alvejado por críticas envolvendo a “importação” de médicos estrangeiros, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, saiu em defesa, nesta sexta-feira, do programa do governo federal que vai trazer os profissionais do exterior — incluindo brasileiros formados em outros países. Também disse que, mesmo diante das pressões de entidades de classe e do Ministério Público do Trabalho, irá “até o fim” para garantir a viabilidade do projeto.
“Vamos até o fim. O que nos move é levar médicos para onde não existem médicos no país. Eu sei a diferença entre um médico perto do paciente, perto da comunidade. Isso faz a diferença em qualquer situação”, disse o ministro ao recepcionar os primeiros estrangeiros que chegaram em Brasília para participar do Programa Mais Médicos.
Os 244 profissionais formados no exterior selecionados na primeira fase do Mais Médicos começaram a chegar ao Brasil nesta sexta-feira. No grupo, 145 são estrangeiros. No início da próxima semana eles começam um curso sobre saúde pública brasileira e língua portuguesa antes de serem enviados aos municípios onde vão trabalhar. A ideia é que todos os 1 096 médicos com diplomas do Brasil e os 244 com diplomas estrangeiros sejam alocados em 516 municípios e 15 distritos sanitários indígenas. Em Brasília, os profissionais desembarcaram no aeroporto internacional Juscelino Kubitscheck às 15h17, em um voo da companhia aérea portuguesa TAP.
“Ouvir as pessoas”
Para o ministro, não procedem as críticas de que os profissionais seriam mal preparados — embora o governo tenha preferido não provar objetivamente isto, ao liberar os médicos estrangeiros da prova de reconhecimento do diploma, conhecida como Revalida. “Todos têm experiência em atuar em áreas rurais ou em atenção básica e valorizam o que é mais importante em um médico: o contato humano, o atendimento, ouvir as pessoas”, afirmou, como se estivesse se referindo a psicólogos e não a médicos.
Embora o Programa Mais Médicos tenha tido baixíssima adesão — das 15 450 vagas ofertadas, houve apenas 1 096 inscritos — o governo federal já lançou o edital para a segunda fase do projeto, esperando a adesão de novos municípios e de médicos brasileiros e estrangeiros.
Cubanos
O Ministério da Saúde, que havia declarado publicamente a desistência de “importar” médicos cubanos, usou o fracasso do programa como desculpa para recorrer a uma parceria pouco transparente com o governo de Raúl Castro, com intermediação ainda mais nebulosa da Organização Panamericana de Saúde (Opas), para trazer os profissionais de Cuba ao país. Parte dos cubanos desembarca no Brasil neste final de semana em aviões da Força Aérea Brasileira. Todos os profissionais estrangeiros e brasileiros com diploma do exterior ficarão hospedados em alojamentos militares, longe dos olhos do público.
Questionado sobre o caso específico de médicos cubanos, que terão parte dos recursos do programa destinados a financiar o governo de Raúl Castro, o ministro Alexandre Padilha atribuiu as críticas a um alegado e imaginário “preconceito” contra os profissionais. “Não admitimos e não faz parte da cultura brasileira ter preconceito em relação a qualquer país ou a qualquer povo. A medicina de Cuba é reconhecida, principalmente na atenção básica. O Ministério da Saúde vai acompanhar de perto as condições individuais de cada médico para poder viver, atuar tranquilamente, sem ter preocupações”, explicou.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Alexandre Padilha, médicos cubanos

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455 COMENTÁRIOS
23/08/2013
às 19:26
Os descolados do Avaaz, liderados pelo ético Abramovay, apelam ao preconceito cultural, de classe, ideológico e racial e usam imagem de Tiririca, sem pedir autorização, para defender reforma política que interessa ao PT

Tiririca, e não Zé Dirceu, é usado pelo Avaaz como exemplo ruim da democracia brasileira. É preconceito cultural, de classe, racial e ideológico — além de apropriação indébita da imagem alheia
Vocês sabem como são os “independentes” do Brasil, não é mesmo? Costumam independer de tudo, inclusive dos fatos. É o caso do site Avaaz, que, no Brasil, é comandado pelo petista Pedro Abramovay, ex-secretário nacional de Justiça (gestão Márcio Thomaz Bastos), de quem também foi assessor especial. Já então indicado por José Eduardo Cardozo para a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (esse nome é péssimo, convenham!), concedeu, antes de tomar posse, uma entrevista ao Globo onde propunha que também os pequenos traficantes, a exemplo dos simples consumidores de drogas, não fossem presos. Dilma não gostou e o demitiu. É um dos mais fanáticos defensores da descriminação das drogas. De quais? De todas, ora!
Abramovay pertence àquele grupo de carnívoros petistas que gostam de se disfarçar de pavão. Suas teses costumam ter sempre a aparência vistosa dos interesses do povo. Basta que se submeta o que pretende a uma análise, ligeira que seja, e lá está ele a serviço do partido. Compõe a turma que aposta que mais vale uma guerra de valores do que o confronto político. E eles fazem isso muito bem. O Avaaz é um dos seus instrumentos. Ainda que possam existir lá uma petição ou outra contra esta ou aquela figuras ou teses do PT e da esquerda, trata-se apenas de tributos irrelevantes que a virtude presta ao vício… Em essência, o site, no país, serve ao partido principalmente e às esquerdas de modo geral. Esse Abramovay é tão ético, mas tão ético, que deu curso a uma petição para cassar o registro profissional de psicólogo do pastor Silas Malafaia, mas tirou do ar uma petição que pedia o contrário. E assim procedeu justamente quando a petição pró-Malafaia superava a outra. E ainda fez praça disso, dizendo-se orgulhoso. Os seus abduzidos, ora vejam!, aplaudiram a sua coragem de defender a própria covardia e de admitir que, na prática, usava uma entidade internacional para perseguir aqueles de quem não gosta.
Acho que ele já está bem caracterizado, não? Petista, peixinho de Márcio Thomaz Bastos, defensor da descriminação das drogas, favorável à liberdade para “pequenos traficantes”, chefão do site Avaaz. Mas muito independente.
Ao ponto
Muito bem! Abramovoy deu início a uma petição em defesa de uma reforma política que institui uma aloprada votação em dois turnos para o Poder Legislativo. Nem entro em minudências porque a ideia é de tal sorte esdrúxula, que restará como peça do folclore nacional — ainda que conte com a assinatura da OAB. Bem, vênia máxima, não é primeira bobagem em que a entidade se mete. No Rio, ela quase anda de braços dados com os black blocs. Adiante…
A proposta não para aí, não. De substantivo mesmo, o que Abramovay e seus abduzidos iluminados querem é o financiamento público de campanha, só que numa roupagem moderninha. Só as doações de pessoas físicas seriam permitidas, limitadas a R$ 700 (por que esse valor e não R$ 631? Não tenho a menor ideia; deve ser algo de caráter místico). As empresas, então, estariam proibidas de doar. Faltaria dinheiro. Aí o estado entraria com a sua parte — como se já não houvesse hoje grana pública das eleições via Fundo Partidário e renúncia fiscal para as emissoras que veiculam os horários político e eleitoral gratuitos. É coisa que passa fácil dos R$ 600 milhões por ano.
Ora, ora, como é que o dinheiro público seria distribuído? Há de haver um critério. A mesma grana para todo mundo é impossível, certo? Ou legendas de aluguel viverão no paraíso. O mais provável é que o tamanho das bancadas federais determine o percentual de distribuição. Quem ganha? O PT em primeiro lugar, e o PMDB em segundo.
Mais: com a proibição das doações de empresas privadas, aconteceria o quê? O óbvio. Aumentaria brutalmente o caixa dois de campanha. Eis a tese de Abramovay. Eis a tese da OAB.

O petista chique Abramovay acha que Tiririca faz mal à democracia. Será que Abramovay faz bem?
Preconceito asqueroso

Todo mundo sabe como Tiririca foi eleito e com que campanha. Mas vejam só: não se tem notícia, não que eu saiba, de que ele tenha se metido em alguma lambança ou atuado de forma ingênua em alguma tese ruim para o país. Jamais votaria nele, por certo. Mas é Tiririca quem concorre para desmoralizar a democracia brasileira ou João Paulo Cunha e José Genoino (que se recupere! Trato aqui de política), que, mesmo processados pelo STF, integraram nada menos do que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara? João Paulo chegou a presidi-la. É Tiririca quem desmoraliza a democracia brasileira ou um ministro da Saúde que decide importar mão de obra escrava?
Pois a imagem em defesa da nova proposta, usada pelo Avaaz como antiexemplo, é justamente a de Tiririca. Muito ético, o Avaaz nem sequer pediu autorização nem ao deputado nem ao artista popular. A propósito: se Tirirca é a imagem da distorção política porque, com 1,35 milhão de votos, ajudou a eleger quem voto não tinha (aliás, um dos beneficiários foi o notório delegado Protógenes Queiroz…), por que, então, não usar a imagem de Chico Alencar (PSOL), que, com 2409.671 votos no Rio, levou para a Câmara o ex-BBB Jean Wyllys, que obteve ridículos 13.016 votos? O sistema é ruim quando elege Tiririca, mas é bom quando elege Jean Wyllys? Que tal comparar a atuação parlamentar — não a gritaria midiática — desses dois deputados?
Tratar, a esta altura, Tiririca com esse viés é só uma manifestação asquerosa de preconceito, a que esses descoladinhos de esquerda da elite brasileira se entregam à vezes, com o seu narizinho empinado de quem viu a coisa. É preconceito cultural — Tiririca tem fama de ignorante. É preconceito de classe: Tiririca tem cara de pobre. E, não sei não, é possível que subjaza, ainda que de modo sutil, o preconceito racial: Tiririca é mulato. E é preconceito ideológico: Tiririca não é de esquerda nem fala em nome de alguma minoria.
A proposta que o senhor Abramovay e seu site defendem, que conta com a chancela estúpida da OAB, entregaria o cofre das eleições ao PT e arreganharia as portas para o caixa dois — coisa na qual o PT já provou ser igualmente bom.
Em suma, a tese defendida por Abramovay é outra droga. Assinar a petição corresponde a se tornar um fiel servidor de José Dirceu.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Avaaz, Pedro Abramovay, reforma política, Tiririca

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113 COMENTÁRIOS
23/08/2013
às 17:34
Mão de obra análoga à escravidão, sim! Ou: Estatuto do Estrangeiro será usado para manter cativos os médicos cubanos. Ou ainda: A única mercadoria que Cuba comercia é gente! E o governo do PT compra
Leio na Folha que “O procurador José de Lima Ramos Pereira, que comanda no órgão a Coordenadoria Nacional de Combate às Fraudes nas Relações de Trabalho, disse que a forma de contratação fere a legislação trabalhista e a Constituição.” E se registra uma fala do procurador: “O Ministério Público do Trabalho vai ter que interferir, abrir inquérito e chamar o governo para negociar”. A chamada precarização do trabalho, considerando-se as leis brasileiras, está dada já pela natureza do contrato que os cubanos manterão com o Brasil. Ramos Pereira explica por que a contratação dos cubanos é “totalmente irregular”. Diz ele: “A relação de emprego tem de ser travada diretamente entre empregador e empregado. O governo será empregador na hora de contratar e dirigir esses médicos, mas, na hora de assalariar, a remuneração é feita por Cuba ou por meio de acordos. Isso fere a legislação trabalhista”. A reportagem da Folha ouve ainda o auditor fiscal do Trabalho Renato Bignami, que afirma ser prematuro acusar as condições de trabalho dos cubanos no Brasil de análogas à escravidão. Diz ele: “Não são só os salários aviltantes que são considerados para essa situação. Há fatores como jornadas exaustivas e condições degradantes”. Ramos Pereira está certo. Os contratos ferem a legislação brasileira. Já Bignami está errado. Estamos, sim, diante de um trabalho análogo à escravidão. Pior: o Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815) acabará atuando em favor dos mercados de escravos (o governo cubano) e os compradores (o governo brasileiro). Já chego lá. Antes, algumas questões.
Em primeiro lugar, consultem, quando houver tempo, as considerações do próprioMinistério do Trabalho sobre as características do trabalho análogo à escravidão. Nem todas precisam ser satisfeitas para que ele esteja caracterizada. Bastam algumas — ou, sei lá, uma única, mas que defina a relação. Dou um exemplo: a servidão por dívida. Ainda que o trabalhador tivesse as melhores condições, com toda a proteção, e morasse numa casa confortável, haveria trabalho análogo à escravidão se estivesse preso ao patrão por uma dívida impagável, que lhe tivesse sido imposta como precondição para conseguir o emprego. É claro que as coisas não acontecem desse modo. Esse tipo de servidão quase sempre é acompanhada das piores condições. Estou apenas raciocinando por hipótese para demonstrar que a essência do trabalho análogo à escravidão é a agressão à liberdade de ir e vir — ainda que fosse no paraíso.
E é o que acontecerá com os cubanos. O roubo que será praticado pelo governo cubano é, claro!, relevante. Igualmente escandaloso é o fato de que o governo brasileiro está “comprando” um lote de profissionais de um mercados — no caso, o estado cubano, que usa essa mão de obra como fonte de divisas. Países costumam ganhar dinheiro vendendo tecnologia ou com os royalties que ela rende; costumam ganhar dinheiro vendendo commodities; costumam ganhar dinheiro vendendo manufaturados; costumam ganhar dinheiro por intermédio de multinacionais, que fazem a remessa de lucros para as matrizes. Não se tem notícia, no mundo moderno — ou me citem um exemplo —, de um país que obtenha dividendos vendendo a mão de obra de milhares de pessoas. Trabalho análogo à escravidão, sim.
Famílias
Lá no manual do Ministério do Trabalho, vocês verão que há um capítulo sobre a família dos trabalhadores. Nos locais onde se explora a mão de obra análoga à escravidão, os familiares costumam ser parte da equação porque, também eles, dividem com o trabalhador explorado os abrigos precários que servem de moradia. Romper a relação corresponderia, pois, a deixá-los ao relento. Melhor um teto caindo aos pedaços do que teto nenhum.
No caso dos cubanos, a família também é parte da equação, mas de modo um pouco distinto. Os profissionais chegarão sem as suas respectivas famílias. Não se trata de uma opção, mas de uma imposição. A tirania cubana não lhes dá licença para deixar a ilha. Assim, mantém a garantia de que esses profissionais jamais desertarão. Ora, essa situação é muito diferente, em essência, daquela outra? Em certo sentido, é ainda pior: se um médico cubano pedisse asilo ao Brasil, não estaria apenas expondo seus entes queridos a agruras. Estaria condenado a não vê-los nunca mais. E, sabemos, sempre estará a possibilidade de o governo brasileiro repetir a atuação gloriosa de Tarso Genro e mandá-los de volta para o colo dos facinorosos Fidel e Raúl Castro, como fez com aqueles dois pugilistas.
Assim, os médicos cubanos — ainda que todos filiados ao Partido Comunista e considerados “quadros” do socialismo (mas a gente sabe como são essas coisas nas ditaduras) — não são livres para ir e vir. Não são livres para fazer suas escolhas. Não são livres para decidir que destino dar às suas respectivas carreiras e vidas. Em Cuba, fiquei sabendo a partir de depoimentos dados por esses médicos a venezuelanos que conheço, há duas formas de recrutamento: existe os que se apresentam voluntariamente para a tarefa, e há aqueles que são “escolhidos” pelo partido, sem a possibilidade de dizer “não”. A commodity de Cuba é gente; a manufatura de Cuba é gente. Os tiranos exportam e reimportam quem lhes der na telha. Têm a vida desses profissionais na mão.
Estatuto do Estrangeiro
Vi o ministro Antonio Patriota a dizer que não há nada de errado nesse tipo de contrato e que é uma vontade da sociedade brasileira. Já que ele não se envergonhou, senti vergonha em seu lugar, uma vez que compartilhamos, ao menos, a nacionalidade. Os cubanos que chegarão ao Brasil vão receber um visto provisório, o que lhes impõe limitações severas para trabalhar — que, noto, são adotadas por todas as democracias. É que as democracias de fato não costumam importar escravos…
Uma relação que, em tudo, caracteriza trabalho análogo à escravidão recebe, então, o reforço involuntário do Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815). Eles entrarão no Brasil com visto temporário, que pode ser de até dois anos, prorrogável por mais um ano. O Artigo 100 da referida lei estabelece nesse caso (em azul):
Art. 100. O estrangeiro admitido na condição de temporário, sob regime de contrato, só poderá exercer atividade junto à entidade pela qual foi contratado, na oportunidade da concessão do visto, salvo autorização expressa do Ministério da Justiça, ouvido o Ministério do Trabalho.
Eis aí: ainda que quisesse exercer alguma outra função, não poderia. A ditadura cubana e a má-fé do governo brasileiro se aproveitam de uma lei que, em si, não é discricionária para manter o trabalho análogo à escravidão.
E se evidência faltasse…
De reto, se evidência faltasse, há uma outra, escandalosa, ditada pela natureza dos fatos. O Brasil abriu a inscrição para receber os médicos, inclusive os estrangeiros. Por que os cubanos não se apresentaram? Porque não podiam. Porque não são livres para isso. Mas não são por quê? Quem os impede? Ora, o ente que detém a titularidade de sua mão de obra, que fala em seu lugar, que assina em seu lugar, que decide em seu lugar, que recebe o pagamento pelo trabalho em seu lugar: o estado cubano. E é com esse ente que o Brasil celebrou o acordo.
Há médicos de sobra em Cuba e sei lá mais onde? Que o Brasil, então, abra as suas portas, que submeta os candidatos aos testes devidos, que eles busquem revalidar aqui seus diplomas e que passem a atuar como indivíduos livres.
Ocorre que o PT não escolheu a liberdade, mas a escravidão. Se esse negócio prosperar sem uma resposta firme do Ministério Público do Trabalho, ele estará para sempre desmoralizado. Quero ver com que cara vai tentar combater o trabalho análogo à escravidão que remanesce, sim, em certas áreas do país. Terá de dizer por que essa é uma prerrogativa do governo do PT.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: médicos cubanos, trabalho escravo

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281 COMENTÁRIOS
23/08/2013
às 15:51
Ainda o aborto, a novela “Amor à Vida”, o programa “Na Moral”, a nova opressão das mulheres e o verdadeiro desafio ao senso comum
Não acompanho a novela. Nesta quinta, assistia ao capítulo em razão de circunstâncias excepcionais. Mas sei o que vai lá, como quase todo mundo. Contam-me que um par de maridos quer ter um filho e que teria escolhido uma amiga para ser, sei lá como chamar, a “barriga solidária”. A inseminação artificial não deu certo. Então um deles resolve dar uma transadinha, coisa excepcional, com a moça. Trata-se, parece, de um “sacrifício” em benefício da causa. AÍ ela engravida. O combinado, segundo entendi, é que a criança terá dois pais e uma mãe.
Entendo. A mesma novela que faz merchandising pró-aborto, com dados escandalosamente mentirosos, cria uma fábula moderna — sim, claro, virão conflitos pela frente, mas nada que gente descolada, resolvida e superior não consiga enfrentar nos capítulos finais — sobre uma família diferenciada… O mesmo folhetim que defende o direito ao aborto transforma em heróis os praticantes de uma ética de exceção. Isso e que é “amor à vida”, não é mesmo?
Claro, claro! O reacionário sou eu. Essa gente toda é progressista. Pena eu não saber disso quando escrevi o primeiro post. A coisa, então, é ainda mais grave do que eu pensava.
A peroração pró-aborto alegava uma suposta defesa dos direitos das mulheres. Afinal, estariam morrendo como moscas em razão de uma legislação atrasada, que seria imposta pela religião. Então tá. Que mulher é essa exibida na novela, que se apaixona por um gay, aceita transar com ele para fazer um filho, com o propósito de que essa criança seja criada a três? Até onde entendi, o pai biológico do bebê gosta mesmo é de homem. Se aceita o “sacrifício”, instrumentaliza a paixão da moça. Ela, por sua vez, fica feliz com as migalhas de afeto e ainda dará um filho a seu macho.
Assim se traduz o “respeito às mulheres”, supostamente expresso naquele discurso com estúpidas pretensões didáticas? Uma mulher que faz de seu útero uma espécie de mala, onde se põem e de onde se podem tirar fetos como quem guarda badulaques ou deles se livra está mesmo sendo respeitada? Gays são uma coisa. A cultura gay é outra, completamente distinta. E esta, não é preciso ser muito agudo para perceber, continua, eis o fato, a tratar as mulheres como seres de segunda grandeza — ainda que possa, às vezes, não se dar conta disso.
Também me pediram pra ver, e eu vi, o programa Na Moral, conduzido por Pedro Bial. Tratou, nesta quinta, das várias identidades sexuais e coisa e tal. Bial chamou de “desbravadora” um senhor casado, pai de três filhos, que passou, há poucos anos, a se vestir de mulher — e, segundo entendi, a ter uma vida sexual compatível com essa mudança. Cada um faça o que quiser de si. Mas que se tenha claro que a moral de exceção, se vista como regra, acabará por fazer da regra a exceção. Vale para o sexo e para qualquer outra coisa. O programa de Bial só vai ao ar porque existem regras, não porque existem exceções. A regra faz a natureza, que independe do humano, e os sistemas que dele são dependentes. Mas isso fica, se ficar, para outra hora. Meu ponto é outro.
Lá estava o marido que virou mulher sem deixar de ser marido. A seu lado, a sua mulher, que mulher continua. Já na casa dos 60 e poucos, que alternativa afetiva tinha aquela senhora? No fim das contas, ainda que de calça apertada e colorida e brincões na orelha, o seu marido-mulher continua a ser o macho que impõe a sua vontade. A ela resta aceitar ou ver sua família se desfazer. Dois dos três filhos estavam presentes. Chamados a dar seu depoimento, a moça, vê-se, sofre de modo eloquente. O rapaz não consegue ir além da tartamudez.
“Reinaldo está chocado porque essas coisas aparecem na TV.” Não mesmo! Mas me pergunto se a inteligência de Pedro Bial e sua competência para fazer TV — eu o considero uma dos melhores da sua geração, ainda que ele possa me considerar um dos piores da minha; pouco me importa — eliminam o aspecto para mim deletério e indelével de um programa com essas características: uma exposição de raridades — ou, se quiserem, de exemplaridades — de um novo circo, que é o do politicamente correto. Só que, consoante com os novos tempos, a exceção é exibida como aquilo que não é: uma alternativa. E só por isso o homem-mulher é chamado de “desbravadora”. Como ignorar que ele-ela exercia ali, afinal, a vontade que o macho impôs à fêmea? À tal “esposa”, coube apenas condescender. Afinal, a cultura gay é mesmo coisa de macho. Nesse circo, a mulher segue sendo coadjuvante. Nota à margem: até naqueles filmecos estarrecedores do Ministério da Educação, que Dilma acabou vetando, homens que decidem se vestir de mulher reivindicam o direito de usar o… banheiro feminino! Não se conhece o contrário: lésbicas querendo usar o banheiro masculino. Na cultura machista, ser mulher não é um grande negócio. Na cultura gay, ser mulher é um péssimo negócio.
Sem contraditório
Estou chamando a atenção para o fato de que o chamado “combate ao preconceito”, quando exercido sem contraditório — e contraditório mesmo, não simples arapuca para pegar um dos lados do debate —, acaba gerando, por óbvio, preconceitos novos.
Alguém perguntará: “O que é, nesse caso, o contraditório? O direito de ser preconceituoso?” É evidente que não! O contraditório, nestes dias, consiste em abordar os temas, da política à moral, com olhos não militantes, com olhos não corporativos, com olhos não interessados na demanda. São tantas as microcausas em trânsito que estamos perdendo alguns valores universais que fizeram as modernas democracias.
Quando “Amor à Vida” — que, reitero, dramatiza o esforço de um par de gays para ter um filho, usando o útero da amiga como uma mala — transforma o repúdio ao aborto numa caricatura grosseira, alguns séculos de história estão sendo jogados no lixo, entre a militância e a ignorância. Recomendo ao autor da novela, Walcyr Carrasco — e o faço de boa vontade, não e tom de agravo — que leia “The Rise of Christianity: a Sociologist Reconsiders History”, de Rodney Stark. Escrevi uma longa resenha na VEJA em 2007. As mulheres — e as mulheres pobres — foram as primeiras entusiastas do cristianismo, Walcyr, justamente porque aquela “seita” se opunha ao aborto, e isso, para elas, era, com frequência, a diferença entre a vida e a morte. As tragédias, como as pestes, fortaleceram a religião porque a solidariedade entre os crentes — precursores das ONGs realmente não governamentais — salvou vidas.
Aquele repto anticristão na novela ignora o fato de que, por exemplo, a Igreja Católica, somados os leitos, é o maior hospital do mundo; somados os desembolsos das instituições católicas, é a entidade que mais investe em pesquisa no mundo; é a maior escola do mundo; é a maior entidade de assistência social do mundo.
“O que você quer, Reinaldo? Que uma novela das 21h fique repetindo dados estatísticos?” Não! Contento-me que a instituição que mais salva vidas, mundo afora, não seja tratada como homicida. Por ano, mais de 100 mil cristãos são assassinados no mundo por uma única razão: porque são cristãos.
Na moral, Pedro Bial! Atacar os valores cristãos é muito fácil. Na moral, Pedro Bial, excepcional mesmo, nestes dias, seria exibir suas virtudes. Aí, sim, estaríamos diante de algum desafio ao senso comum. Ao menos ao senso comum militante.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: aborto, Amor à Vida, Cristianismo, Na Moral, Pedro Bial, Walcy Carrasco

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172 COMENTÁRIOS
23/08/2013
às 14:14
A Saúde e a incompetência do PT. Ou: Os loucos de tão pobres e pobres de tão loucos. Quem liga pra eles?
A incompetência do governo petista na área da saúde cobra o seu preço. Em 11 anos, uma redução de 15% a taxa de leitos hospitalares (públicos e privados) por mil habitantes. Entre 2005 e 2012, o SUS perdeu mais de 41 mil leitos. Isso quer dizer que os hospitais privados pediram seu descredenciamento porque não conseguem conviver com a tabela miserável paga pelo sistema. Atender à demanda do SUS, desde que se faça um serviço de qualidade, implica endividar-se. Há 2,3 leitos hospitalares por mil habitantes no Brasil. A Organização Mundial de Saúde recomenda de 3 a 5. Já é uma realidade dramática. Quando, à incompetência, se juntam a ideologia rombuda e a mistificação, então se tem o desastre. Na área psiquiátrica, a situação é muito pior. Nesse caso, juntou-se à incompetência mais rombuda a ideologia perturbada.
Atenção! Há apenas 0,15 leito psiquiátrico por mil habitantes no país. É a metade do que se tinha quando o PT chegou ao poder. E já era pouco. Nos países civilizados, a média é de um leito psiquiátrico por 1.000. Isso quer dizer que o Brasil tem menos de um sexto do necessário. Esses poucos leitos, de resto, estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste.
Nunca houve, reitere-se, um número adequado de leitos, e eles sempre foram, com raras exceções, de péssima qualidade. A turma da reforma psiquiátrica aproveitou a incompetência do governo para impor a sua agenda: “Feche-se tudo! Internar é desumano!” Em vez de cobrar a humanização do tratamento e recursos para que se fizesse o trabalho adequado, os iluminados decidiram deixar os doentes a vagar por aí, entregues à própria sorte.
E por que isso não aparece? Porque ninguém dá bola para loucos de tão pobres e pobres de tão loucos (sim, parafraseio Caetano, quando pensa direito), não é mesmo? Eles não têm voz. Quando a questão é debatida, não há como chamar os pacientes para participar. Eles não têm representantes. Homens e mulheres pobres continuam a acorrentar em casa seu doentes — correndo o risco de ser presos, acusados de tratamento desumano e cárcere privado.
Mas, agora, tudo será resolvido. Os cubanos estão chegando.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Alexandre Padilha, médicos cubanos, saúde

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77 COMENTÁRIOS
23/08/2013
às 13:16
O livro “Dirceu” e uma fábula revisitada na era do mensalão

Eu criei uma fábula. Aproveita, é verdade, parte de uma outra, muito conhecida.
Um cordeiro estava bebendo água num riacho. O terreno era inclinado e, por isso, havia uma correnteza forte. Quando ele levantou a cabeça, avistou uma alcateia, que, como vocês sabem, é o coletivo de lobos. A turma também bebia.
— Como é que você tem a coragem de sujar a água que nós bebemos? — perguntou um deles, que afetava certa seriedade compenetrada, sem esconder, pelo ar famélico, que estava havia alguns dias sem comer e procurava algum animal apetitoso para matar a fome.
— Senhor — respondeu o cordeiro —, não precisa ficar com raiva porque eu não estou sujando nada. Bebo aqui, uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer o que o senhor está falando.
— Você agita a água — continuou o lobo ameaçador — e sei que você andou falando mal de nós no ano passado.
— Não pode ser — respondeu o cordeiro. No ano passado, eu ainda não tinha nascido.
O lobo pensou um pouco e disse:
— Se não foi você, foi seu irmão, o que dá no mesmo.
— Eu não tenho irmão — disse o cordeiro. Sou filho único.
— Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho, e é preciso que a gente se vingue.
— Mas o senhor acha que é justo que seja eu a pagar por isso?
— Não acho, nem eu, nem os meus companheiros aqui. Espere um minuto.
O lobo, então, improvisou ali uma espécie de assembleia ou tribunal informal junto com a sua companheirada. Minutos depois, voltou à carga.
— Vamos lhe dar uma chance, hein?
— Diga, senhor.
— Vamos lhe fazer uma pergunta. Se você acertar, pode partir em paz.
— Se eu errar…
O lobo não respondeu. Apenas deu um sorriso seco e ameaçador. E indagou:
— Qual é a exata extensão deste rio, da nascente à foz?
—18.785 metros.
A alcateia começou a uivar de satisfação.
— Errou!
— Errei?
— Sim.
— E como eu vou saber se o senhor está certo?
O lobo, então, aproximou-se do cordeiro, afetou uma seriedade superior, tirou da pelagem do rabo um verbete da Wikipedia e exibiu para o cordeiro.
— Tá vendo? São 18.587 metros. Você inverteu os três últimos algarismos.
— Acho que vocês estavam em busca de um pretexto. Isso não muda o fato de que eu bebia água morro abaixo e de que a acusação que me fizeram é falsa.
— Um lobo pesquisa com tanto afinco não por amor à precisão, mas por amor à sua profissão, que é ser lobo.
*
Essa minha fábula ainda não tem conclusão. Vai ser escrita pelo tempo. Na Folha de hoje, Carlos Andreazza, editor executivo da Editora Record, escreve um artigo que vocês têm de ler. Ele se refere ao livro “Dirceu – A Biografia” e a algumas reações que se seguiram ao texto.
*
Todo o trabalho biográfico está sujeito a erros. É preciso reconhecê-los e repará-los imediatamente, com seriedade e energia, na exata mesma medida em que se deve repelir — chamando pelo que é, lembrando o momento em que se dá — a ação coordenada dos que tentam minar a credibilidade de uma notável e já consagrada reportagem.
Como editor de Otávio Cabral em “Dirceu”, posso afirmar e reafirmar o que norteou a produção e a publicação do livro — marcos, aliás, que fundamentam os 70 anos do Grupo Editorial Record: a busca da verdade; o compromisso com a correção; a inegociável cultura da independência; o valor da liberdade; o desejo incontornável de contar histórias importantes e de difundir informações decisivas, da melhor forma, por meio do melhor texto.
Não é à toa, portanto, que já tratamos da próxima biografia a ser escrita por Otávio Cabral: porque, para muito além de seu talento e da promissora carreira de autor, é um jornalista honesto, competente, que está, antes e acima de tudo, a serviço da própria consciência – isto, algo cada vez mais raro.
Ainda que todos os erros apontados por Mario Sergio Conti em “piauí”, e repercutidos por Morris Kachani nesta Folha, procedessem, e ainda que aquilo que de fato estava errado não tivesse merecido reparo imediato (e anterior ao texto de Conti), não seria um inventário ressentido de miudezas — levantamento espantoso, que talvez só o biografado pudesse fazer igual — a derrubar o primoroso trabalho jornalístico de Otávio Cabral em “Dirceu”.
Agora que o mensalão volta à pauta do Supremo e, pois, às manchetes dos jornais, momento em que parece haver, em diversas frentes, uma ofensiva por desqualificar tudo quanto possa ser inconveniente aos condenados, urge ressaltar que picuinha nenhuma, por habilidosa que seja, logrou apontar um só erro estrutural — uma só falha grave, de peso — capaz de comprometer sequer minimamente o conjunto do memorável trabalho de apuração jornalística e de reconstituição histórica de Otávio Cabral em “Dirceu”.
Ninguém precisa reconhecer a relevância de se produzir e publicar uma biografia não autorizada como essa num país acovardado como o Brasil, em que os espaços para o exercício do contraditório mínguam progressivamente e em que bárbaros muito bem remunerados pelo Estado partilham a coragem de ser sempre a favor.
Pode-se bancar uma bem-sucedida carreira de repórter de gabinete com mentiras e rabo preso, mas não se alcança um sucesso como o de “Dirceu” – exatos 37 mil livros vendidos em menos de três meses – senão com verdade e clareza.
Nesta hora em que o destino de graúdos está em xeque e em que se investe pesadamente na mistificação, convém atentar para o risco de que a dita imprensa livre – mais ou menos sem perceber – sirva de cavalo aos que se valem do jornalismo para pervertê-lo em obscurantismo e atraso.
É muito bom ser independente, mas sem jamais nos esquecermos de que há quem não o seja.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: José Dirceu, Mensalão

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57 COMENTÁRIOS
23/08/2013
às 3:57
LEIAM ABAIXO
Merchandising pró-aborto na novela “Amor à Vida”, da Globo, mente, mistifica, doutrina e demoniza a religião. É um atentado ao bom senso, aos fatos e à educação dos telespectadores. Em uma palavra: vergonhoso!;
Ainda o aborto: A máquina militante de produzir números falsos para encontrar uma justificativa moral para eliminar os fetos;
A resposta indecorosa de Padilha. Ou: Governo doará a Cuba, por ano, R$ 320 milhões da verba da Saúde, mas nada fez para impedir a perda de 41 mil leitos do SUS;

BC anuncia leilões diários no mercado de câmbio até o fim do ano;
O debate desta quinta na VEJA.com;
Será que os EUA ajudarão, mais uma vez, os jihadistas a chegar ao poder?;
Relativa paz no STF aponta para um bom futuro ou esconde a guerra?;
Defesa de Delúbio queria nada menos do que anulação do julgamento. Por unanimidade, STF diz “não”;
Em 11 anos, taxa de leitos hospitalares caiu 15% no Brasil; o bravateiro, no entanto, dava lições a Obama. Vinda de cubanos serve para demonizar médicos brasileiros e é projeto ideológico dos países do Foro de São Paulo;
Os pterodáctilos que querem controlar a “mídia” voltam a sobrevoar o Congresso. Pergunto: controlar o quê? Ela já não está suficientemente controlada?;

Os 4 mil escravos de jaleco do Partido Comunista de Cuba custarão ao Brasil R$ 40 milhões por mês. Deve ser o maior escândalo do PT em quase 11 anos de governo;
José Serra entra na disputa presidencial;
CCJ abriu precedente para salvar mensaleiros, diz Jutahy;
Patriota muda radicalmente de tom e diz que mal-estar com Reino Unido está superado. Não me diga!;
Padilha manobrou para fazer o que sempre quis: traficar escravos cubanos e repassar milhões por mês à ditadura comunista;
O dia em que Lewandowski defendeu um julgamento de exceção;

Roberto Barroso votou bem, mas argumentou mal. Ainda veremos se foi apenas por delicadeza;
Assim, não, ministro Marco Aurélio!;
Tese esdrúxula de Lewandowski é derrotada; Toffoli e Marco Aurélio mudam voto e se alinham com o revisor;
Lewandowski distorce de forma miserável o sentido do Artigo 317 do Código Penal. E eu provo!

Por Reinaldo Azevedo

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23/08/2013
às 3:45
Merchandising pró-aborto na novela “Amor à Vida”, da Globo, mente, mistifica, doutrina e demoniza a religião. É um atentado ao bom senso, aos fatos e à educação dos telespectadores. Em uma palavra: vergonhoso!
Estava programada para esta quinta uma manifestação de militantes de esquerda no Congresso Nacional em defesa do controle da mídia. Nem sei se aconteceu. Acompanhei depois o julgamento do mensalão, fiquei estudando o caso da saúde, li sobre as barbaridades na Síria e deixei de lado os pterodáctilos. Escrevi no começo da tarde um post a respeito. Perguntei, então, por que as esquerdas querem tanto controlar essa tal mídia se controlada ela já está. E citei o caso da Globo. Indaguei se havia como a emissora ser mais de esquerda — em qualquer área que se escolha, incluindo as novelas.
Vi há pouco uma cena chocante de “Amor à Vida”. Está inaugurado o merchandising militante pró-aborto. Nunca houve antes nada parecido. Como há no enredo um hospital, lugar preferencial paras as maldades de Félix, o vilão que caiu no gosto popular, eis que, do nada, chega uma paciente com hemorragia. Mobiliza-se o socorro de emergência. Um médico então diz: “Eu não posso atender!”.
A equipe tenta salvar a moça, mas em vão. Ela morre. E começa a discurseira. O médico mais velho diz que ela fez um aborto ilegal, que o procedimento foi malfeito e que a mulher morreu por isso. Vai mais longe: “Infelizmente, essa é uma das principais causas da morte de mulheres no Brasil”. É mentira! É mentira escandalosa! Já chego lá. A enfermeira, com o cadáver ainda à sua frente, quentinho, dispara: “Morte de mulheres pobres, né? Porque as ricas fazem aborto em segurança” (se a fala não é exata, tratou-se de algo ainda mais primitivo). Foi mais longe, dizendo que essas mulheres também são vítimas da miséria e da ignorância. Ainda era pouco. O médico mais velho vai, então, procurar o outro, que havia dito que não poderia fazer o atendimento.
— Por que você não quis atender a paciente?
— Porque ela fez aborto. Isso é contra as leis divinas.

O chefe lhe dá uma carraspana. O rapaz, então, reproduzindo uma caricatura do discurso religioso, emenda:
— Me recuso a atender uma pecadora!
— Você está fora do corpo de residentes deste hospital!

Vergonha
Fiquei com vergonha de assistir à cena. As peças didáticas de Padre Anchieta para convencer os índios de que sua cultura original estava cheia de demônios eram mais complexas, mais sofisticadas, com mais nuances. Estou lendo “Sussurros”, de Orlando Figes, sobre a vida cotidiana na URSS de Stálin. O didatismo brucutu dos comunas, nas escolas, contra os reacionários, era mais sutil e nuançado. Prometi a mim mesmo que não vejo a novela nunca mais, nem excepcionalmente, como hoje. Como vocês sabem, de hábito, estou trabalhando a essa hora. E nunca mais verei não porque ofenda as minhas convicções, mas porque ofende a minha inteligência. O merchandising social — a morte de fetos se insere nessa categoria? — tem um compromisso com a verdade.
Principal causa de mortes?
Eu não sei, ou sei, por que os abortistas precisam mentir tanto. Qual é o problema dessa gente com os fatos e os fetos? Até outro dia, os mentirosos contumazes diziam que 200 mil mulheres morriam, por ano, vítimas de aborto. Eleonora Menicucci, a abortista e ex-aborteira que é ministra das Mulheres, chegou a levar esses números a uma reunião da ONU. Em fevereiro de 2012, fiz uma conta com os dados disponíveis, todos oficiais.
Acompanhem.
Em 2010, o Censo do IBGE passou a investigar a ocorrência de óbitos de pessoas que haviam residido como moradoras no domicílio pesquisado. ATENÇÃO! Entre agosto de 2009 e julho de 2010, foram contabilizadas 1.034.418 mortes, sendo 591.252 homens (57,2%) e 443.166 mulheres (42,8%). Houve, pois, 133,4 mortes de homens para cada grupo de 100 óbitos de mulheres.
Vocês começam a se dar conta da estupidez fantasiosa daquele número? Segundo o Mapa da Violência, dos 49.932 homicídios havidos no país em 2010, 4.273 eram mulheres. Muito bem: dados oficiais demonstram que as doenças circulatórias respondem por 27,9% das mortes no Brasil — 123.643 mulheres. Em seguida, vem o câncer, com 13,7% (no caso das mulheres, 60.713). Adiante. Em 2009, morreram no trânsito 37.594 brasileiros — 6.496 eram mulheres. As doenças do aparelho respiratório matam 9,3% dos brasileiros — 41.214 mulheres. As infecciosas e parasitárias levam outros 4,7% (20.828). A lista seria extensa.
Agora eu os convido a um exercício aritmético elementar. Peguemos aquele grupo de 443.166 óbitos de mulheres e subtraiamos as que morreram assassinadas, de doenças circulatórias, câncer, acidentes de trânsito, doenças do aparelho respiratório, infecções (e olhem que não esgotei as causas). Chegamos a este número: 185.999!!!
Já começou a faltar mulher. Ora, para que pudessem morrer 200 mil mulheres vítimas de abortos de risco, é forçoso reconhecer, então, que essas mortes teriam se dado na chamada idade reprodutiva — entre 15 e 49 anos. É mesmo? Ocorre que, segundo o IBGE, 43,9% dos óbitos são de idosos, e 3,4% de crianças com menos de um ano. Então vejam que fabuloso:
Total de mortes de mulheres – 443.166
Idosas mortas – 194.549
Meninas mortas com menos de um ano – 15.067
Sobra – 233.550
Dessas, segundo os delirantes de então, 200 mil teriam morrido em decorrência do aborto — e necessariamente na faixa dos 15 aos 49 anos!!!
Cessou a mentira
Quando desmoralizei, COM NÚMEROS OFICIAIS, a mentira das 200 mil mortes, essa bobagem parou de ser veiculada no país. O doutor que disse aquela besteira na novela, fosse de verdade, seria um mentiroso, um mistificador, um vigarista. Vejam acima as principais causas da morte de mulheres no Brasil, ricas ou pobres. Se a enfermeira histérica faz seu trabalho tão bem quanto pensa, coitados dos pacientes!
Os números reais
O número de mortes maternas, no Brasil, está abaixo de 2.000 por ano! Atenção! Estou me referindo à morte de mulheres em decorrência da gravidez. O aborto, segundo dados do DataSUS, corresponde a 5% dessas mortes, entenderam? Ocorre que esse número inclui tanto o aborto espontâneo como o provocado. Assim:
a: o aborto não é a principal causa da morte de mulheres;
b: o aborto não é nem mesmo a principal causa de morte materna.
Não gosto de merchandising, de nenhuma natureza, comercial, social ou, como é o caso, ideológico. Repugna-me a ideia de que se deve pegar o telespectador distraído para, então, “pimba!”. Sabem por que jamais defenderia a sua proibição? Porque a engenharia legal para isso resultaria, com certeza, em algo ainda pior. Então que permaneça o mal menor — mas que chamo de “mal” ainda assim.
Demonização da religião
Aquele médico que se negou a atender a paciente que chegou morrendo, exibido na novela, não existe. Criou-se uma caricatura para, no fundo, demonizar o discurso religioso. Os índios caracterizados como diabos nas peças de Anchieta, no século XVI, eram personagens mais complexas e verossímeis. Imaginem se alguém formado em medicina se referiria a uma paciente terminal como “pecadora”; se diria a seu chefe que o aborto atenta “contra as leis divinas”. Usa-se, então, o discurso ridículo de um médico para ridicularizar os que se opõem ao aborto por motivos religiosos, o que é um direito num país em que há liberdade de crença.
Há um outro nível de falsificação nessa história. Existem médicos às pencas que são agnósticos, mas que se recusam a praticar o aborto mesmo nos casos em que ele é legalmente permitido. O Código de Ética Médica lhes assegura o direito de alegar objeção de consciência. Nesse caso, sua obrigação é informar a paciente dos seus direitos e encaminhá-la para um colega. “E no caso de não haver quem faça, num rincão do Brasil qualquer?” Assegurado um direito a ser conferido pelo poder público, o estado tem a obrigação de prover os meios. Que se crie, sei lá, uma central nacional, com um número de telefone, para ocorrências dessa natureza e garantia de atendimento.
Uma coisa é certa: obrigar um médico a fazer um procedimento que viola a sua consciência seria um absurdo. Mas há uma pressão nesse sentido. Que eu saiba, nem os cubanos poderão se encarregar da tarefa… A novela entrou de forma grosseira nessa questão. “Amor à Vida” faz proselitismo em favor da adoção de crianças por gays e levou ao ar, nesta quinta, essa cena patética, mentirosa e patrulheira, sobre aborto. No Globo Repórter, a gente aprendeu que só uma família deve ser chata: a que tem papai e mamãe. Dia desses, um programa discutia a descriminação das drogas na base de quatro (a favor) a um (contra). Certamente não reproduz os percentuais que estão na sociedade.
E os pterodáctilos ainda querem fazer o controle social da mídia, muito especialmente da Globo, acusando-a, imaginem só!, de ser conservadora, reacionária. Pois é! Com todo o suposto conservadorismo e reacionarismo, um “médico” foi demitido. Deus nos livre da versão progressista. O coitado teria sido fuzilado em nome do povo e da vida.
Pode não parecer, eu sei, mas o que se viu em “Amor à Vida” foi uma manifestação absurda de intolerância. Intolerância com a divergência (os que se opõem ao aborto — e que, curiosamente, são maioria absoluta no Brasil) e intolerância com a religião, reduzida a uma patética caricatura. Deus nos livre da intolerância dos tolerantes! Sabem ser obscurantistas em nome das luzes.
Finalmente
A militância pró-aborto não tente tomar de assalto a área de comentários. Será inútil. E não porque eu me oponha à descriminação, mas porque este texto não propõe um debate de mérito. Admito, sim, uma contestação: quero que provem que os dados com os quais trabalho são falsos. Mas têm de provar. Não basta apenas repudiá-los porque eles desmontam as teses pró-aborto. Eu estou é contestando uma mentira transmitida a milhões de brasileiros.
CORREÇÃO
Um colega da VEJA.com me alertou — e, depois, constatei que leitores já haviam me advertido nos comentários — que, em vez de “Amor à Vida”, chamei a novela das 21h de “Páginas da Vida”. Já fiz a correção. Não era telespectador habitual do que nunca mais verei nem ocasionalmente. E, fico sabendo, já houve uma com aquele nome, o que pode explicar a confusão. Mas também pode ser algum mecanismo de resistência que disparei sem querer. Talvez tenha me negado a aceitar que uma novela chamada “Amor à Vida” faça um proselitismo tão furioso e desinformado em favor do aborto…

Texto publicado originalmente às 23h50 desta quinta
Por Reinaldo Azevedo
Tags: aborto, Amor à Vida, TV Globo

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576 COMENTÁRIOS
23/08/2013
às 3:43
Ainda o aborto: A máquina militante de produzir números falsos para encontrar uma justificativa moral para eliminar os fetos
Escrevi naquele post sobre a novela “Amor à Vida” (mas nem tanto…) que sabia por que a militância pró-aborto mentia tanto sobre o número de mulheres mortas, mas acabei não explicitando o motivo. Ele é escandalosamente claro. É preciso haver uma razão moralmente forte para justificar a eliminação dos fetos. Então se cria essa falácia. Assim, uma opinião que é de matriz ideológica ganha um verniz humanitário. Por isso pilantras afirmavam, até o ano passado, que morriam, a cada ano, 200 mil mulheres vítimas de aborto. Não chegam a duas mil, como já escrevi, as que morrem em decorrência da gravidez — e o aborto, natural ou espontâneo, responde por 5% desse total. Façam as contas.
Igualmente fantasiosa é a história de que se faz 1,5 milhão de abortos clandestinos por ano no país. Por clandestinos, não há notificação. Sem notificação, o resto é chute. Ou alguém calcula o número de aborto por estimativa? Ora… Mas pensemos um pouco mais. Como sabem os médicos, cerca de 30% das fecundações não prosperam. São os abortos espontâneos, muitos deles nem mesmo percebidos pelas mulheres porque ocorrem logo nos primeiros dias. Por ano, nascem no Brasil, estima-se, 2,8 milhões de crianças. Pois bem, se nasce esse número e se os abortos provocados chegassem a 1,5 milhão, deveríamos concluir, então, que a soma dessas duas grandezas (4,3 milhões) corresponderia àqueles 70% que sobreviveram ao aborto espontâneo, certo? Não percam o fio.
Se, pois, 4,3 milhões de concepções correspondem a apenas 70%, os 100% somariam 6,142 milhões. Em 2010, a população feminina entre 15 e 49 anos somava, segundo o IBGE (dados de 2010), 53.675.289 mulheres. Assim, teríamos de concluir que, todo ano, 11,44% delas engravidariam. Isso é uma alucinação! Cada um defenda a causa que quiser. Essa gente deveria ter um pouco de pudor e fazer com que a sua convicção convivesse minimamente com a matemática. Querem eliminar os fetos? Pois que tenham a coragem de fazer a defesa dessa eliminação de cara limpa, sem inventar números que não resistem a um confronto mínimo com a realidade.
Não gostam de mim? Sou um carola reacionário? Tudo bem! Basta-me que passem a gostar da matemática e dos fatos.
Texto publicado originalmente às 2h47
Por Reinaldo Azevedo
Tags: aborto, Amor à Vida

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36 COMENTÁRIOS
23/08/2013
às 3:39
A resposta indecorosa de Padilha. Ou: Governo doará a Cuba, por ano, R$ 320 milhões da verba da Saúde, mas nada fez para impedir a perda de 41 mil leitos do SUS
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, deu nesta quinta uma resposta indecorosa sobre o contrato que o Brasil firmou com Cuba para a importação de médicos. Já chego lá. Antes, vamos a algumas outras considerações.
Houve algumas reações, ainda tímidas, no Congresso Brasileiro à absurda, estúpida mesmo!, importação de escravos-militantes cubanos, que chegarão ao Brasil disfarçados de médicos. Como se sabe, cada um deles custará R$ 10 mil aos cofres públicos. O dinheiro, no entanto, será enviado à ditadura cubana — R$ 40 milhões por mês —, e os brucutus de Fidel e Raúl Castro é que pagarão os médicos. Oficialmente, a tirania repassa aos profissionais de 25% a 40%. De fato — os repórteres investigativos podem escarafunchar —, esse percentual chega, no máximo, a 20%. Ou por outra: cada cubano que chegar aqui renderá R$ 8 mil limpos para o governo da ilha. O convênio com o Brasil, assim, carreará para o caixa de Cuba R$ 320 milhões por ano. Trata-se de dinheiro público, E DA SAÚDE!!!, financiando um regime policial.
A reação dos parlamentares, no entanto, ainda é modesta, pífia mesmo! Se a cúpula tucana disse alguma coisa, não foi forte o bastante para gerar notícia. Entendo essas almas: “Vai que a população goste…”. Quando não se tem convicção e só se reage de acordo com a oportunidade, os maiores absurdos prosperam sob o silêncio cúmplice daqueles que deveriam ser especialmente vigilantes. O nome do que se vai praticar aqui — e não se ouvirá um pio das esquerdas, é claro! — é trabalho similar à escravidão, que viola, de forma explícita, a Convenção 29 da Organização Internacional do Trabalho.
É o padrão de moralidade Marilena Chaui, aquela que odeia a classe média e a considera reacionária, menos, adverte essa gigante do pensamento, quando vota no PT. Assim, o trabalho escravo explorado por companheiros e pela tirania de Cuba é, na verdade, uma coisa muito bacana, progressista mesmo. Vou estudar esse caso. Não é possível que uma barbaridade como essa não chegue às barras dos tribunais. “Ah, mas alguém precisa fazer esse trabalho; se esse é o único caminho.” É verdade! No passado, alguém precisava cuidar da lavoura de cana no Brasil… No século 21, o governo do PT revigora a ética do trabalho do século 17: “A necessidade faz a escravidão”. Lixo moral!
A resposta de Padilha
No geral, a imprensa trata Padilha a pão de ló. O próprio jornalismo está muito menos escandalizado do que deveria. Imaginem se um governo considerado de direita firmasse acordo semelhante com outro governo, também de direita. Não tardaria a se ouvir o grito: “Fascistas!”. E a companheira Maria do Rosário, aquela sempre tão preocupada com o trabalho escravo?
Ontem, sei lá que indagação se fez a Padilha para desse uma resposta indecente: afirmou que caberia aos municípios dar moradia e alimentação aos médicos e que o governo federal acompanharia isso de perto. Perfeito! O governo cubano vai roubar R$ 8 mil de cada profissional, que ficará com minguados R$ 2 mil, e quem vai arcar com as consequências são os quebrados municípios brasileiros.
Que essa imoralidade tenha prosperado em protoditaduras como a Venezuela, Equador e Bolívia, vá lá. Mas na democracia brasileira? É inaceitável.
A queda de leitos
Informei ontem aqui que, nos 11 anos do governo do PT, houve uma redução de 15% nos leitos hospitalares. Só entre 2007 e 2012, foram fechados 4.770. O leitor Rodrigo Netto me envia um link de texto publicado na VEJA.com em 13 de setembro do ano passado em que se lê o seguinte:
“O número de leitos hospitalares no Brasil sofreu uma redução de 10,5% entre 2005 e 2012, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). Em levantamento divulgado nesta quinta-feira, o órgão aponta que, em sete anos, houve uma redução de 41.713 leitos hospitalares no Sistema Único de Saúde (SUS). O estado mais prejudicado pela queda é Mato Grosso do Sul, com uma perda de 26,6% dos leitos. O levantamento do CFM foi feito com base nos dados apurados junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde.”
Ele quer saber, em suma, qual número está certo. Infelizmente, Rodrigo, os dois estão certos. O meu texto trata do número total de leitos fechados (públicos e privados). A reportagem da VEJA.com se refere à queda do número de leitos do SUS. Isso significa que hospitais privados deixaram o sistema porque não conseguem conviver com o valor ridículo da tabela. Entendeu? As Santas Casas, por exemplo, estão à beira da falência. A cada atendimento que fazem do SUS, seu déficit aumenta.
O país que vai transferir R$ 320 milhões por ano da verba do setor de saúde para a ditadura cubana assistiu, inerme, à perda de mais de 41 mil leitos do SUS em sete anos. E o atual comando das oposições fica de bico fechado, temendo que uma crítica mais dura a esse descalabro acabe sendo impopular.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: médicos cubanos, saúde

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