IRMAOS LUMIERE
278
BAIRRO DAS COLÓNIAS EM LISBOA, PORTUGAL. Numa zona deixada livre junto à Charca, o Município de Lisboa tomou a iniciativa de lotear uma nova urbanização, na base do Monte Agudo e cujo traçado sacrificou …Mais
BAIRRO DAS COLÓNIAS EM LISBOA, PORTUGAL.

Numa zona deixada livre junto à Charca, o Município de Lisboa tomou a iniciativa de lotear uma nova urbanização, na base do Monte Agudo e cujo traçado sacrificou a Azinhaga da Charca e o Caminho do Forno do Tijolo (os vestígios deste último topónimo estão na actual designação da Rua do Forno do Tijolo e numa chaminé remanescente do antigo forno). Apresenta edifíciosseriados em estilo pós Arte Nova, construídos ao longo dos anos 20 do século XX, e outros mais recentes, em estilo Arte Déco e modernista, cuja edificação se prolongou até finais dos anos quarenta. Recebeu o nome de Bairro das Colónias em consonância com o espírito de celebração nacionalista que então se vivia. Assim, as suas ruas receberam nomes como Guiné, Zaire, Angola, Macau, Timor, Moçambique ou Cabo Verde.
No topo do Bairro das Colónias, uma praça (actual Praça das Novas Nações) junto à encosta do Monte Agudo, acolheu uma escola primária camarária que concilia os estilos “neo-casa portuguesa” e modernista e um jardim que celebrava o Império, ostentando os escudos com os brasões das então “províncias ultramarinas” um flores e plantas laboriosamente jardinadas pelo pessoal municipal.

A estrutura urbana do Bairro das Colónias (ou das Novas Nações) desenha-se inconfundível na cartografia de Lisboa, sendo facilmente identificável em qualquer foto aérea ou planta da cidade, com a Rua de Angola a eixo, marcando o vértice de um quasi triângulo virado a poente, à Avenida Almirante Reis, e entrando no quadrilátero da Praça das Novas Nações. Trata-se de um dos maiores e melhores conjuntos urbanos de arquitectura Art Déco e Modernista de Lisboa, e, até ao momento, dos mais bem preservados. Foi concebido com o propósito, sobretudo, de acolher uma população de classe média e média-alta.

O Bairro compreende um conjunto de vias com topónimos que identificam antigas colónias portuguesas: as ruas de Angola, da Guiné, da Ilha do Príncipe, da Ilha de S. Tomé, de Macau, de Moçambique, de Timor e do Zaire e a Praça das Novas Nações (designada até 1975 como Praça do Ultramar). Abrange ainda uma via pré-existente à sua urbanização, a Rua do Forno do Tijolo e a encosta arborizada do Monte Agudo.

Diríamos, então, que o Bairro das Colónias se define, grosso modo, entre a referida Avenida Almirante Reis, a oeste, o miradouro do Monte Agudo, a este, o Bairro de Inglaterra, a norte, o Bairro Andrade e o Bairro Lamosa, nome que caiu em desuso, a sul.

Implantado, pois, entre bairros e arruamentos de génese anterior, os limites do bairro afirmar-se-iam não só pela toponímia mas também pela arquitectura. Sendo pois este um critério possível para a necessária aferição, com uma maior precisão, dos seus limites. Contudo, de permeio, levantam-se questões identitárias, afectivas e de ordem sociológica, em relação a algumas das suas franjas e que ainda não foram exploradas, ultrapassando questões meramente físicas e cronológicas da urbanização e do seu edificado.

De facto, no lado norte há uma certa interpenetração como o Bairro de Inglaterra, pelo que os limites são entrecortados por edifícios que se erguem nas suas franjas. É o caso da Rua de Liverpool, cuja frente sul, sobretudo a que abre para as escadinhas, só foi edificada aquando do Bairro das Colónias, mas que se optou integrar no Bairro de Inglaterra. No sentido contrário vai o edifício de gaveto que torneja da Rua do Forno do Tijolo, nº 11, com a Rua Maria, que sendo de cronologia anterior, edificado na urbanização do Bairro Andrade, hoje integra o Bairro das Colónias.