Diego Santos
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A abordagem de um cristão ao casamento: com a orientação das palavras de Deus, eu encarei a traição do meu marido com calma (parte 1)

Por Shiji

Enquanto crescia, romances eram meus companheiros. Sempre que lia histórias sobre protagonistas homens e mulheres que juravam amor eterno um ao outro e passavam por dificuldades indizíveis antes de realizarem seus desejos, eu chorava de comoção. A partir daquele tempo, ideias como “até que a morte nos separe” e “amor é supremo” se enraizaram profundamente em meu coração, e comecei a ansiar pelo tipo de amor sincero que encontrava nesses romances, a viver na expectativa de um casamento feliz e bem-aventurado e a sonhar com um parceiro vitalício no futuro.

Eu dedico todo o meu coração apenas para ter um casamento feliz

Na medida em que eu crescia, aumentava também meu desejo de encontrar um parceiro para o resto da vida. Mais tarde, quando meu marido apareceu, consegui ver um traço do amor que eu tinha visto naqueles romances e vim a crer firmemente que esse homem era o cavaleiro no cavalo branco pelo qual eu tinha esperado tanto tempo. Por isso, não dei ouvidos às objeções dos meus pais, mas o amei e me casei com ele sem hesitar. Ambos trabalhávamos como professores gerenciados por cidadãos (professores que trabalham em escolas públicas) na mesma escola e começávamos e encerrávamos o trabalho juntos todos os dias. Em nosso tempo livre, contávamos piadas e jogávamos damas chinesas e, às vezes, meu marido tocava um instrumento chamado erhu enquanto eu cantava. Éramos totalmente dependentes um do outro, e eu o seguia em tudo, e, apesar de termos uma vida simples, sempre éramos felizes. Dois anos mais tarde, nosso filho nasceu, o que trouxe infinita alegria para a nossa família. Enquanto observava meu marido atencioso e meu filho adorável, eu me sentia a mulher mais feliz do mundo.

1977 veio num piscar de olhos, e o sistema de exames de admissão à faculdade, que tinha sido abandonado dez anos atrás, foi reintroduzido. Meu marido fez o exame e conseguiu entrar numa faculdade de treinamento para professores, e eu derramei lágrimas de alegria, tão grande era o orgulho que tinha dele. Mas em meio à minha alegria, comecei a me preocupar: “Nossa situação financeira está apertada, e nem somos donos da nossa casa dilapidada. Meu salário mensal é de apenas cinco yuanes, e só ganho por volta de 50 ou 60 yuanes por ano, o que não basta para comprar rações de grãos, sem falar em bancar a faculdade do meu marido. Mas meu marido lutou tanto por essa chance de estudar, e não quero pedir que desista dela. Pelo bem do futuro do meu marido, eu pagarei sua faculdade, por mais duro que seja”. Então, pedi dinheiro emprestado e finalmente tinha juntado o suficiente para pagar o primeiro semestre do meu marido na faculdade. A fim de quitar minhas dívidas e pagar o segundo semestre do meu marido, emprestei mais dinheiro e comecei a criar porcos e também comecei a plantar grãos num pedaço de terra. Mas éramos tão pobres, e eu não tinha comida para os porcos. Minha única opção era levantar cedo todos os dias e colher ervas nas montanhas para alimentar os porcos ou caminhar mais de 50 quilômetros até a casa da minha mãe para buscar um saco de restos de grãos para alimentá-los. A terra que eu tinha semeado também era distante e se encontrava numa colina. Quando pestes começaram a devastar meu painço, eu não tinha como conseguir água para pulverizar os pesticidas, e a única coisa que pude fazer era catar os insetos de cada talo sob o sol do meio-dia para ter uma colheita maior e juntar o dinheiro para as mensalidades do meu marido. Depois da safra de outono, quando dei o dinheiro da mensalidade para o meu marido, ele ficou visivelmente comovido e disse: “Você trabalhou tanto para ganhar esse dinheiro para mim, e eu tenho uma dívida com você…” Eu lhe disse: “Não pense nisso, apenas estude muito. Estou disposta a suportar qualquer dificuldade para o seu bem!” Ao ouvir isso, meu marido começou a soluçar e prometeu tratar-me muito bem no futuro e que jamais me decepcionaria… Éramos tão próximos naquele tempo. Apesar de me sentir exausta todos os dias, eu estava muito feliz.

Dois anos mais tarde, meu marido se formou e conseguiu um emprego na faculdade de treinamento de professores. Eu também já tinha quitado todas as minhas dívidas e me mudei para a cidade em que meu marido estava trabalhando. A saúde do meu marido era frágil, e ele precisava ser internado uma ou duas vezes por ano e tomar remédios durante o ano inteiro. A fim de cuidar dele, eu preparava diferentes pratos que ele gostava todos os dias. Temendo que ele esquecesse de tomar seu remédio, eu escrevia um bilhete e o prendia na cabeceira da nossa cama para lembrá-lo e até lhe trazia água para lavar seus pés. E assim continuávamos nossa vida, que era simples, mas cheia de calor, e eu estava disposta a dar tudo que eu tinha por meu marido…

Meu marido se afasta, e meu coração se contorce de dor

Em 1985, quando uma onda de reformas e de abertura para o mundo externo inundou a China continental, meu marido largou seu emprego na faculdade, entrou no comércio de livros e abriu uma livraria. Após alguns anos, meu marido foi recompensado e se tornou conhecido não só na nossa região. Eu fiquei tão feliz ao ver isso…

Justamente quando eu estava cheia de alegria e me preparando para uma vida melhor e mais feliz, meu marido de repente me disse que queria o divórcio. Quando ouvi essas palavras saírem de sua boca, eu me senti como se tivesse sido atingida por um raio. Naquele momento, a única coisa que conseguia sentir era o meu sangue correndo para a minha cabeça — era uma sensação indescritível. Não conseguia parar de pensar: “Para onde foi meu marido, que sempre foi tão educado e compreensivo? Como seus sentimentos por mim puderam mudar em tão poucos anos? Eu dei tanto por ele e esta família. Como ele pôde trair nosso casamento e a nossa família com um coração tão duro?” Eu simplesmente não conseguia aceitar o que tinha acontecido e não conseguia parar as minhas lágrimas. Enquanto meu coração explodia de dor, eu lembrei cada coisinha que já tinha feito por meu marido: no início, eu não tinha dado ouvidos à oposição da minha família e me casei com ele sem hesitar; voluntariamente, eu me matei de trabalho para ganhar o dinheiro para sua faculdade; quando ele estava doente, eu dei toda a atenção à sua dieta e suas necessidades diárias, até lhe trouxe a água para lavar seus pés… Durante tantos anos, eu tinha dado tudo que tinha sem guardar nada para mim mesma, mesmo assim, ele agora queria se divorciar de mim. Quanto mais eu pensava nisso, mais agitada ficava e sentia uma dor incontrolável. Eu me senti como se estivesse sufocando, mas eu simplesmente não conseguia entender — por que meu marido me queria machucar com tanta crueldade?

Mais tarde, descobri que meu marido tinha outra mulher. Fiquei tão furiosa que o amaldiçoei por não ter vergonha nem consciência, mesmo assim ele me disse cheio de arrogância: “É assim que as coisas são na sociedade moderna. ‘Sem uma mulher ao seu lado, o homem não tem gosto na vida’ e ‘Correr atrás de mulheres bonitas é uma maneira digna de viver’. Nesta era, em que zombam da pobreza, mas não da prostituição, ninguém fala mais em consciência. Para que serve a consciência?” Naquele momento, senti como se meu coração tivesse sido arrancado do meu peito, jogado no chão e pisoteado. Minha dor e meus sentimentos de ter sido injustiçada se transformaram imediatamente em ódio. Eu odiava que meu marido não tinha consciência, eu o odiava por ser infiel, e eu odiava ainda mais aquela outra mulher descarada. Se ela não tivesse seduzido meu marido, nada disso teria acontecido. Eu estava sentindo toda essa dor por causa dela. Quanto mais pensava nela, mais eu a odiava e queria poder pegar uma faca e matar aquela mulher que tinha destruído minha família feliz. No entanto, eu sabia que não conseguia fazer aquilo, então, tudo que podia fazer era chorar em secreto. Confrontada com meu marido que me pressionava constantemente com o divórcio, eu perdi toda a coragem para continuar a viver e, num ataque de raiva, tomei um sonífero, esperando despertar a consciência do meu marido através da minha própria morte. Inesperadamente, porém, do momento em que minha vida foi salva até o dia em que recebi alta do hospital, meu marido não veio me ver uma única vez. Confrontada com a apatia do meu marido, fiquei muito abatida e chorei todos os dias. Eu sempre tinha acreditado que meu marido valorizava tudo que eu tinha feito por ele, que ele levava tudo isso a sério e que ele jamais me trairia. Achava que sempre ficaríamos casados e envelheceríamos juntos. Jamais eu teria imaginado que, após alguns anos de felicidade, ele se jogasse nos braços de outra mulher e se tornasse tão frio, ingrato e totalmente desprovido de consciência. Eu sofri terrivelmente naquele tempo, e meu espírito quase desmoronou. Meu desespero era tão profundo… Seis meses depois, continuando a ser pressionada pelo meu marido, eu não tive escolha e assinei os documentos de divórcio.

Depois do nosso divórcio, dei início à minha longa vida de mãe solteira com um filho de quatro anos. Pelo fato de eu ter me divorciado recentemente e não ter ninguém para me apoiar, o reitor da escola começou a me intimidar. Quando pedi a transferência para outra escola, o diretor da Secretaria de Educação aproveitou a situação para me molestar. Essa série de eventos me deixou ainda mais triste e miserável. Por causa da traição do meu marido, da indiferença do mundo, das dificuldades da vida e da opressão que sentia em meu coração, eu achava que estava condenada. Eu estava deprimida todos os dias, e a sombra deixada pelo meu casamento fracassado era uma marca em meu coração que eu carregaria comigo por muito tempo.

A salvação de Deus vem até mim, e eu encontro calor e apoio

Justamente quando eu tinha perdido toda esperança na vida, o pai de um dos meus alunos me pregou o evangelho de Deus dos últimos dias. Eu li as palavras de Deus: “A humanidade, tendo se desviado da provisão de vida do Todo-Poderoso, é ignorante do propósito da existência, mas ainda assim teme a morte. Ela está sem ajuda ou apoio, mas ainda relutante em fechar os olhos, e ela se prepara para arrastar uma existência ignóbil neste mundo, um saco de carne sem nenhum senso da própria alma. […] Quando você estiver enfadado e quando começar a sentir um pouco da triste desolação deste mundo, não fique perdido, não chore. Deus Todo-Poderoso, o Vigia, abraçará a sua chegada a qualquer tempo” (de “O suspirar do Todo-Poderoso”).

Fui tomada de soluços quando senti como Deus me confortava como uma mãe. Deus sabia o quanto eu estava sofrendo, quanta dor eu estava sentindo e como eu me sentia sozinha naquele momento, e Ele estava usando Suas palavras de consolo para descongelar meu coração congelado e mortalmente paralisado. Afinal de contas, eu não estava sozinha ou solitária, pois o Criador estava sempre me vigiando, sempre esperando que eu viesse para diante Dele. Eu era como um cordeiro perdido que tinha se machucado e finalmente conseguiu voltar para casa. Eu tinha encontrado um apoio e a coragem para continuar a viver. Mesmo que o meu casamento estivesse em ruínas; e minha família, destruída, eu não estava sozinha, pois Deus era meu apoio, e Deus estava do meu lado, e meu coração ficou em paz e tranquilo.

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