OS ERROS DE PE. QUEVEDO
A respeito da origem da alma humana, Quevedo ensinava que, assim como da roseira vem uma roseirinha, do coelho nasce um coelhinho com a mesma natureza de seus genitores, o pai e a mãe geram, no ato sexual, um ser humano completo com corpo e alma. Que dizer? – Devemos dizer que há falhas graves aí. As plantas e os animais irracionais são seres puramente materiais e têm, portanto, a mesma natureza material dos genitores. Só o ser humano tem corpo material e alma espiritual.
Ao tratar do ser humano, a tese de Quevedo é a do monismo (uma só coisa: corpo e alma formam um todo único), funda-se, ao que parece, em um pensamento antigo chamado de traducionismo (do latim, tradux,cis: transmitir), defensor de que os pais transmitem aos filhos, por meio do espermatozoide e do óvulo, não só o corpo, mas também a alma espiritual. Ora – por pura lógica – da matéria não pode provir o espírito. Matéria só gera matéria. A Igreja defende a dualidade, ou seja, o ser humano é formado de corpo material e alma espiritual (corpo + alma = pessoa). Duas realidades distintas que se unem, em harmonia, sem se confundirem. Daí, dizer o Catecismo da Igreja Católica, n. 336, que “cada alma espiritual é diretamente criada por Deus – não é produzida pelos pais – e é imortal” (cf. Pio XII. Encíclica Humani generis, 1950; Denzinger-Schönmetzer (DS) 3896; Credo do Povo de Deus, 8, e V Concílio de Latrão, 1513; DS 1440).
Outro ponto é consequência muito direta do primeiro, pois trata da morte. Dizia Quevedo: “À medida que vamos morrendo, vamos ressuscitando. A mesma alma, com o mesmo corpo, embora em outra situação: um corpo ‘espiritual’. Nem por um instante a alma é separada do corpo”. Em outras palavras, nega-se a clássica definição de morte, a sobrevivência da alma sem o corpo e a ressurreição da carne só no fim dos tempos.
Respondemos, com a Igreja, o que segue: “Na morte, separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, enquanto a sua alma vai ao encontro de Deus, embora ficando à espera de se reunir ao seu corpo glorificado. Deus, na sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos, unindo-os às nossas almas pela virtude da ressurreição de Jesus” (Catecismo da Igreja Católica n. 997). Logo se vê que cada afirmação do Catecismo contraria Quevedo.
Com efeito, diz o parapsicólogo que “nem por um instante a alma é separada do corpo”, ao passo que o Catecismo define a morte como a “separação da alma e do corpo”. A ressurreição da carne é verdade de fé (“Deus, na sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos, unindo-os às nossas almas pela virtude da ressurreição de Jesus”), mas não ocorre, imediatamente, após à morte, como pensava Quevedo (“À medida que vamos morrendo, vamos ressuscitando”), pois, na morte real, o corpo material se decompõe e a alma espiritual, indestrutível como é, volta para Deus, seu criador. O Catecismo ensina que, após a morte, “a alma vai ao encontro de Deus” e entra no céu, no inferno ou se purifica no purgatório a fim de receber o céu. Portanto, é capaz de viver sem corpo, como já afirmou várias vezes a Igreja (cf. Carta da Congregação para a Doutrina da Fé aos Bispos sobre questões referentes à Escatologia, 17/05/1979, n. 3 e 6, em especial).
O Catecismo diz, ainda, que, embora só, a alma fica “à espera de se reunir ao seu corpo glorificado”. E quando se dará essa ressurreição? – “Definitivamente, ‘no último dia’ (Jo 6,39-40.44.54;11,24), no fim do mundo”, pois a ressurreição da carne – termo clássico do Credo – está associada à vinda gloriosa de Cristo (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 1001; Lumen Gentium, 48; 1Ts 4,16).
Por esta breve exposição, vê-se que não podemos ignorar os documentos da Igreja para abraçar as teses do Pe. Quevedo.
Não podemos deixar de falar dos anjos e dos demônios aos quais Quevedo negava , que é claríssima verdade de fé (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 328). Ao negar, no entanto, a ação dos anjos bons, aqui, Quevedo se opõe a tudo o que o Catecismo propõe, a partir da Escritura e da Tradição, sobre esses seres espirituais, nos parágrafos n. 325-336. No 336, ensina sobre os anjos bons que “desde o seu começo até à morte, a vida humana é acompanhada pela sua assistência e intercessão. ‘Cada fiel tem a seu lado um anjo como protetor e pastor para o guiar na vida’ (S. Basílio. Ad Eunomium 3,1: PG 29,656B). Desde este mundo, a vida cristã participa, pela fé, na sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus”. Portanto, os anjos bons agem neste mundo”.
Sobre a ação do diabo o Catecismo também é claro. Ensina em seu n. 394 que “a Escritura atesta a influência nefasta daquele que Jesus chama ‘o assassino desde o princípio’ (Jo8,44), e que chegou ao ponto de tentar desviar Jesus da missão recebida do Pai. ‘Foi para destruir as obras do Diabo que apareceu o Filho de Deus’ (1Jo 3,8). Dessas obras, a mais grave em consequências foi a mentirosa sedução que induziu o homem a desobedecer a Deus”. Mais: “No entanto, o poder de Satanás não é infinito. Satanás é uma simples criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas, de qualquer modo, criatura: impotente para impedir a edificação do Reino de Deus. Embora Satanás exerça no mundo a sua ação, por ódio contra Deus e o seu reinado em Jesus Cristo, e embora a sua ação cause graves prejuízos – de natureza espiritual e indiretamente, também, de natureza física – a cada homem e à sociedade, essa ação é permitida pela divina Providência, que com força e suavidade dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério. Mas ‘nós sabemos que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus’ (Rm 8,28)”. Portanto, os anjos maus – e não só um deles (cf. Mt 25,41) – agem no mundo.
Cristo, Nosso Senhor, realizou exorcismos a fim de enfrentar o poder diabólico (cf. Mt 9,32-34; 12,22-24; 15,21-28; Mc 1,23-28; Lc 8,28-29; 13,10.17; ver Catecismo da Igreja Católica n. 517 e 550) e vencê-lo, nunca para adaptar-se, de modo falso, a uma mentalidade errônea da época. Afinal, o Senhor Jesus é a própria Verdade (cf. Jo 14,6), não um palhaço de circo que buscava apenas louvores da plateia. Esse poder de exorcizar foi dado por Cristo também à Sua Igreja e ela tem até hoje seu nunca abolido – como dizia Quevedo – Ritual de Exorcismo, publicado em edição revista no ano de 1999.
Que diz o Catecismo sobre o Exorcismo? – Diz que “quando a Igreja pede publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto seja protegido contra a ação do Maligno e subtraído ao seu domínio, fala-se de exorcismo. Jesus praticou-o e é d’Ele que a Igreja obtém o poder e encargo de exorcizar. Sob uma forma simples, faz-se o exorcismo na celebração do Batismo. O exorcismo solene, chamado ‘grande exorcismo’, só pode ser feito por um presbítero e com licença do bispo. Deve proceder-se a ele com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo tem por fim expulsar os demônios ou libertar do poder diabólico, e isto em virtude da autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja. Muito diferente é o caso das doenças, sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica. Por isso, antes de se proceder ao exorcismo, é importante ter a certeza de que se trata de uma presença diabólica e não duma doença” (n. 1673).
É triste que o Pe. Quevedo tenha se deixado levar por opiniões subjetivas e, portanto, destoantes da Igreja, enquanto teólogo.
Ao tratar do ser humano, a tese de Quevedo é a do monismo (uma só coisa: corpo e alma formam um todo único), funda-se, ao que parece, em um pensamento antigo chamado de traducionismo (do latim, tradux,cis: transmitir), defensor de que os pais transmitem aos filhos, por meio do espermatozoide e do óvulo, não só o corpo, mas também a alma espiritual. Ora – por pura lógica – da matéria não pode provir o espírito. Matéria só gera matéria. A Igreja defende a dualidade, ou seja, o ser humano é formado de corpo material e alma espiritual (corpo + alma = pessoa). Duas realidades distintas que se unem, em harmonia, sem se confundirem. Daí, dizer o Catecismo da Igreja Católica, n. 336, que “cada alma espiritual é diretamente criada por Deus – não é produzida pelos pais – e é imortal” (cf. Pio XII. Encíclica Humani generis, 1950; Denzinger-Schönmetzer (DS) 3896; Credo do Povo de Deus, 8, e V Concílio de Latrão, 1513; DS 1440).
Outro ponto é consequência muito direta do primeiro, pois trata da morte. Dizia Quevedo: “À medida que vamos morrendo, vamos ressuscitando. A mesma alma, com o mesmo corpo, embora em outra situação: um corpo ‘espiritual’. Nem por um instante a alma é separada do corpo”. Em outras palavras, nega-se a clássica definição de morte, a sobrevivência da alma sem o corpo e a ressurreição da carne só no fim dos tempos.
Respondemos, com a Igreja, o que segue: “Na morte, separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, enquanto a sua alma vai ao encontro de Deus, embora ficando à espera de se reunir ao seu corpo glorificado. Deus, na sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos, unindo-os às nossas almas pela virtude da ressurreição de Jesus” (Catecismo da Igreja Católica n. 997). Logo se vê que cada afirmação do Catecismo contraria Quevedo.
Com efeito, diz o parapsicólogo que “nem por um instante a alma é separada do corpo”, ao passo que o Catecismo define a morte como a “separação da alma e do corpo”. A ressurreição da carne é verdade de fé (“Deus, na sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos, unindo-os às nossas almas pela virtude da ressurreição de Jesus”), mas não ocorre, imediatamente, após à morte, como pensava Quevedo (“À medida que vamos morrendo, vamos ressuscitando”), pois, na morte real, o corpo material se decompõe e a alma espiritual, indestrutível como é, volta para Deus, seu criador. O Catecismo ensina que, após a morte, “a alma vai ao encontro de Deus” e entra no céu, no inferno ou se purifica no purgatório a fim de receber o céu. Portanto, é capaz de viver sem corpo, como já afirmou várias vezes a Igreja (cf. Carta da Congregação para a Doutrina da Fé aos Bispos sobre questões referentes à Escatologia, 17/05/1979, n. 3 e 6, em especial).
O Catecismo diz, ainda, que, embora só, a alma fica “à espera de se reunir ao seu corpo glorificado”. E quando se dará essa ressurreição? – “Definitivamente, ‘no último dia’ (Jo 6,39-40.44.54;11,24), no fim do mundo”, pois a ressurreição da carne – termo clássico do Credo – está associada à vinda gloriosa de Cristo (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 1001; Lumen Gentium, 48; 1Ts 4,16).
Por esta breve exposição, vê-se que não podemos ignorar os documentos da Igreja para abraçar as teses do Pe. Quevedo.
Não podemos deixar de falar dos anjos e dos demônios aos quais Quevedo negava , que é claríssima verdade de fé (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 328). Ao negar, no entanto, a ação dos anjos bons, aqui, Quevedo se opõe a tudo o que o Catecismo propõe, a partir da Escritura e da Tradição, sobre esses seres espirituais, nos parágrafos n. 325-336. No 336, ensina sobre os anjos bons que “desde o seu começo até à morte, a vida humana é acompanhada pela sua assistência e intercessão. ‘Cada fiel tem a seu lado um anjo como protetor e pastor para o guiar na vida’ (S. Basílio. Ad Eunomium 3,1: PG 29,656B). Desde este mundo, a vida cristã participa, pela fé, na sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus”. Portanto, os anjos bons agem neste mundo”.
Sobre a ação do diabo o Catecismo também é claro. Ensina em seu n. 394 que “a Escritura atesta a influência nefasta daquele que Jesus chama ‘o assassino desde o princípio’ (Jo8,44), e que chegou ao ponto de tentar desviar Jesus da missão recebida do Pai. ‘Foi para destruir as obras do Diabo que apareceu o Filho de Deus’ (1Jo 3,8). Dessas obras, a mais grave em consequências foi a mentirosa sedução que induziu o homem a desobedecer a Deus”. Mais: “No entanto, o poder de Satanás não é infinito. Satanás é uma simples criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas, de qualquer modo, criatura: impotente para impedir a edificação do Reino de Deus. Embora Satanás exerça no mundo a sua ação, por ódio contra Deus e o seu reinado em Jesus Cristo, e embora a sua ação cause graves prejuízos – de natureza espiritual e indiretamente, também, de natureza física – a cada homem e à sociedade, essa ação é permitida pela divina Providência, que com força e suavidade dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério. Mas ‘nós sabemos que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus’ (Rm 8,28)”. Portanto, os anjos maus – e não só um deles (cf. Mt 25,41) – agem no mundo.
Cristo, Nosso Senhor, realizou exorcismos a fim de enfrentar o poder diabólico (cf. Mt 9,32-34; 12,22-24; 15,21-28; Mc 1,23-28; Lc 8,28-29; 13,10.17; ver Catecismo da Igreja Católica n. 517 e 550) e vencê-lo, nunca para adaptar-se, de modo falso, a uma mentalidade errônea da época. Afinal, o Senhor Jesus é a própria Verdade (cf. Jo 14,6), não um palhaço de circo que buscava apenas louvores da plateia. Esse poder de exorcizar foi dado por Cristo também à Sua Igreja e ela tem até hoje seu nunca abolido – como dizia Quevedo – Ritual de Exorcismo, publicado em edição revista no ano de 1999.
Que diz o Catecismo sobre o Exorcismo? – Diz que “quando a Igreja pede publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto seja protegido contra a ação do Maligno e subtraído ao seu domínio, fala-se de exorcismo. Jesus praticou-o e é d’Ele que a Igreja obtém o poder e encargo de exorcizar. Sob uma forma simples, faz-se o exorcismo na celebração do Batismo. O exorcismo solene, chamado ‘grande exorcismo’, só pode ser feito por um presbítero e com licença do bispo. Deve proceder-se a ele com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo tem por fim expulsar os demônios ou libertar do poder diabólico, e isto em virtude da autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja. Muito diferente é o caso das doenças, sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica. Por isso, antes de se proceder ao exorcismo, é importante ter a certeza de que se trata de uma presença diabólica e não duma doença” (n. 1673).
É triste que o Pe. Quevedo tenha se deixado levar por opiniões subjetivas e, portanto, destoantes da Igreja, enquanto teólogo.