IRMAOS LUMIERE
17
O QUE OS TEMPLÁRIOS DESEMPENHARAM NA HISTÓRIA Alguns anos depois do fim da 1° cruzada (1096-1099), com iniciativa de um cavalheiro francês da região de Champanha, Hugues de Payens (1074-1136) foi …Mais
O QUE OS TEMPLÁRIOS DESEMPENHARAM NA HISTÓRIA

Alguns anos depois do fim da 1° cruzada (1096-1099), com iniciativa de um cavalheiro francês da região de Champanha, Hugues de Payens (1074-1136) foi fundada em 1119 uma milícia militar chamada “Os pobres Cavaleiros de Cristo”.

Composta por nobres, e voluntários católicos com a missão de proteger os peregrinos do ocidente, que iam ou que voltavam de Jerusalém, em visita aos locais sagrados por onde Jesus Cristo passou, e principalmente o Santo Sepulcro.

Graças a inúmeras vitórias de Hugues de Payens e seu exército cada vez mais numeroso, a milícia se tornou uma ordem militar e religiosa, chamada “Ordem dos Templários” ou “Ordem do Templo” ou “Cavaleiros do Templo de Salomão” ou “Cavaleiros da Santa Cidade” ou simplesmente “Templários”.

Oficializada em 1129, pelo Papa Honório II (1124-1130), no Concílio de Troyes (França), determinava que os Templários tinham total independência moral e financeira em relação aos reis do Ocidente, e que tinham como principal objetivo a expulsão total dos invasores muçulmanos da terras Santa, e a proteção da cristandade no Oriente.

A Igreja considerava que fazer uma guerra por motivos materiais era ilícito, mas fazer a guerra para glória e salvação de Cristo era justo e legal. Portanto foram criadas regras a serem seguidas aos soldados-monges Templários, defensores dos valores espirituais, morais e éticos da igreja católica e de Deus.

A 1° regra estava baseada no conjunto de comportamentos e atitudes redigidas por São Bento (480-547) fundador da ordem dos Beneditinos, em 529, como:

Castidade, pobreza e obediência a Igreja Católica Romana do Ocidente e Oriente.

A 2° regra determinava que todo o homem, nobre ou não, rico ou pobre, que participasse a pelo menos uma cruzada em sua vida estaria livre de todos os pecados cometidos na terra, e puro para entrar no reino do Senhor.

A 3° regra era lutar até a morte em nome de Jesus, para encontrar as riquezas de Deus, no céu.

Os Templários depois de serem expulsos da Palestina pelos inimigos muçulmanos, 200 anos mais tarde se estabeleceram em países da Europa, liderados por uma organização bem articulada de Mestres e Grandes-Mestres. Corromperam-se das suas ações divinas e sagradas do Oriente, para os aspectos económicos e financeiros do Ocidente.

A Ordem dos Templários após receberam doações consideráveis da igreja, tesouros, propriedades e dinheiro de toda corte da Europa, não estavam mais preocupados e interessados em defenderem os ideais cristãos e o poder temporal da igreja, e sim em acumular o máximo de bens e riquezas, para o controlar as autoridades reais, que os procuravam para o financiamento de guerras particulares e expansões territoriais, sem nenhuma ligação com a Igreja.

Agora ricos, fortes e poderosos se transformaram em uma das principais instituições financeiras do ocidente, uma espécie de banqueiros de Deus.

Emprestaram muito dinheiro a vários monarcas como aos reis: da Espanha, Jaime I de Aragão (1213-1276); da Inglaterra, Henrique III (1216-1272); e principalmente ao rei da França, Filipe IV, o belo, (1285-1314). Também conhecido como o cruel”.

Em 1297, esse rei francês, Filipe IV, que tinha uma dívida colossal com os Templários, teve pedir ajuda ao Papa Bonifácio VIII (1294-1303) para que negociasse com os líderes da Ordem, pela isenção parcial ou total da dívida.

Como o Papa nem tomou conhecimento, Filipe IV começou uma campanha difamatória pesada contra ele, ao ponto enviar um pequeno exército para capturá-lo, em Roma.

O rei exigia sua imediata renúncia, pois considerava que seu poder temporal que recebeu diretamente de Deus, no dia da sua coroação era superior ao poder espiritual da Igreja e seu pequeno representante na terra, o Papa.

Bonifácio VIII, que pensava exatamente o contrário, sabendo disso, fugiu de Roma.

Encontrado em Anagni (Itália) foi espancado e torturado. Somente sobreviveu graças a população local que o liberou dos seus agressores.

Mas em 1303, Bonifácio VIII, um mês depois da agressão, e ter excomungado Filipe IV e seu principal ministro, chefe da guarda real, Guilherme de Nogaret, (1260-1313) acabou morrendo devido aos ferimentos sofridos.

Um novo papa foi eleito, o italiano Bento XI (1303-1304), mas como também não colaborou com a política de Filipe IV foi encontrado morto (provavelmente envenenado), oito meses depois de ter sido eleito.

Em 1305, Filipe IV, consegue finalmente indicar e forçar a eleição de um Papa francês, Clemente V (1305-1314), e mudar a residência papal, do Vaticano (Roma), para Avinhão (“Avignon”). Podendo agora controlar a igreja conforme suas intenções.

Nesta altura começou o Grande Cisma do Ocidente em que passou a haver um Papa a residir em Roma, um Antipapa e residir em Avinhão e chegando mesmo a existir um outro Antipapa a residir em Pisa.

O rei ainda muito endividado e interessado em recuperar para suas próprias finalidades, as riquezas dos Templários, como: moedas, pedras preciosos, jóias, propriedades, terras, (por exemplo, terras e propriedade do Marais, em Paris) buscava por todos os meios uma forma de atacá-los.

Com ajuda do Papa Clemente V tentou ser introduzido na Ordem dos Templários, pleiteando ser escolhido como Grande-Mestre, a título honorário, e na esperança de manipulá-los pelo interior. Mas foi categoricamente recusado por Jacques de Molay (1243-1314), o verdadeiro Grande-Mestre do Ocidente, que sabia das más intenções e principalmente o desejo de não pagar a enorme dívida que possuía com a Ordem.

Desde então, servindo do Papa Clemente V, como um fiel amigo, Filipe IV começou sua rede de intrigas pela França. Mandou subornar e liberar de uma prisão um renegado Templário, Esquieu de Floyran, com o intuito que ele divulgasse pela população, mentiras, heresias e falsos testemunhos a respeito da Ordem e de seus seguidores.

Filipe IV organizou minuciosamente seu plano, após inventariar todos os bens, tesouros, propriedades, e os principais nomes franceses, envolvidos na Ordem, mandou que seu ministro, e homem de confiança, Guillaume de Nogaret prendesse à todos.

Foi a maior operação de polícia nunca antes organizada no país, milhares de Templários foram presos por todas as partes da França.

Sexta-feira 13 e o fim da Ordem dos Templários:

Este dia, 13 de outubro de 1307, sexta-feira ficou marcado na história como um dia amaldiçoado pelos seguidores da Ordem.

Em Paris, dos 140 presos pessoalmente por Guillaume de Nogaret, 134 confessaram (sobre tortura) que renegavam Cristo, que praticavam rituais de magia negra em reuniões noturnas e secretas, que recusavam o sacramento, que praticavam idolatria, sodomia, rituais obscenos… Muitos outras prisões se seguiram por toda França.

A maiorias dos presos quando na presença das autoridades reais confessavam crimes inventados, mas na presença dos enviados do Papa se retratavam, pois acreditavam que somente Clemente V poderiam pleitear inocência e defendê-los das acusações, já que ainda faziam parte de uma Ordem Eclesiástica protegida e financiada pelo chefe supremo deles, na terra.

Mas se enganaram, pois o Papa deixou-os abandonados em suas prisões.

O processo do julgamento para a condenação do Grã-Mestre, Jacques de Molay e companheiros seguiu conforme as diretrizes ordenadas pelo rei Filipe IV, e não pelo Papa como deveria ter sido.

Todos sabiam dos interesses que o rei tinha em recuperar os tesouros da Ordem e a liquidação das dívidas. Apesar de Filipe IV, até ter conseguido recuperar muitas terras e propriedades por toda França, o cruel rei, e nada belo pelo que ordenou fazer, nunca encontrou nenhum “SONHADO TESOURO”, nas sedes do Templários.

Irritado e decepcionado pela pouco das riquezas encontradas pressionou o Papa que ordenasse a abolição total da Ordem na França. Que acabou acontecendo, em 22 de março de 1312.

Em 18 de março de 1314, Jacques de Molay e seu companheiro Geoffroy de Charnay foram queimados vivos na ilha dos Judeus (l’Île aux Juifs), ligada posteriormente a atual Ilha “de La Cité, e onde se encontra atualmente a praça Square Vert-Galant”, junto a Ponte Neuf, em Paris.

Conta a lenda que Jacques de Molay um pouco antes de morrer na fogueira olhou fixamente para o Papa Clemente V e ao rei Filipe IV dizendo a seguinte frase:

Papa Clemente! Rei Filipe! Antes de um ano, e os cito a comparecerem ao tribunal de Deus para receber seus justos castigos! Malditos! Malditos! Todos malditos até a décima-terceira geração de suas raças!
Tradução do livro: “Os Reis Malditos”, de Maurice Druon.

Maldição ou não, o Papa Clemente V acabou morrendo por asfixia em abril 1314, o rei Filipe IV, em novembro do mesmo ano, de um AVC numa caçada, seus três filhos: Luís X (1314-1316), Filipe V (1316-1322), Carlos IV (1322-1328), e o neto João I, (1316), morreram num período de 12 anos, sem deixarem descentes ao trono.

Fim da maldição de Jacques de Molay.

Fim da dinastia Capetiana, início da dinastia Capetiana-Valois.

Estes acontecimentos deram origem à Guerra dos Cem Anos que foi uma série de conflitos travados de 1337 a 1453 pela Casa Plantageneta, governantes do Reino da Inglaterra, contra a Casa de Valois, governantes do Reino da França, sobre a sucessão do trono francês.

Como pela lei inglesa uma mulher podia se sentar no trono, a Casa Plantageneta achava que seria alguém dessa família a ocupar esse lugar supremo em França e pela lei francesa havia um princípio que negava a sucessão das mulheres ao trono francês e portanto também a família de Valois se considerava com esse direito. Esta série de conflitos travados foi travada de 1337 a 1453.