Francisco e a fraternidade em gálatas

Na catequese de quarta, 23 de junho, Francisco dá uma nova interpretação à carta de Gálatas, incorporando o termo fraternidade que tanto ama.
Ao vermos suas primeiras palavras como “guardiões da verdade” , até podemos acreditar que a catequese de Bergoglio mira os reformadores protestantes do século XVI e suas crias contemporâneas, mas isto seria apenas uma leve impressão pois logo vemos sua verdadeira intenção no decorrer de seu texto.

Como em outros momentos de seu pontificado , a reflexão que faz agora sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas, busca criticar a rigidez que certos pregadores propõe em "voltar atrás para não perder a genuinidade da fé". Ou seja, mas uma vez ataca a ortodoxia na Igreja. A rigidez que está falando apenas pode se traduzir em tradicionalismo.

O entendimento de que Francisco ataca especificamente o Magistério da Igreja não pode ser confundido com outros termos que faz uso.
Sua intenção fica bem clara quando diz:
“Também hoje, como naquela época, há a tentação de se encerrar em certas certezas adquiridas em tradições passadas...é a rigidez diante da pregação do Evangelho”.
Ao vermos esse trecho específico não é mais possível alegar que ele não está querendo desacreditar que a Igreja é conduzida pelo Espírito Santo em toda sua história . Ora, chega a ser bem ao estilo protestante quando fala em "certezas adquiridas". Estaria criticando os dogmas da fé?

Parece que isso é claro quando ele se aproxima muito dos que defendem que só as Escrituras basta, como vemos aqui:
“Face à pregação do Evangelho que nos torna livres, jubilosos, eles são rígidos."
Os dogmas da fé para Bergoglio parecem ser um impedimento para sua tão almejada fraternidade, por isso tenta alterar a real interpretação da carta:

“ ... O caminho que o Apóstolo indicou é aquele libertador e sempre novo de Jesus Crucificado e Ressuscitado; é o caminho do anúncio, que se realiza através da humildade e da fraternidade...os novos pregadores não conhecem a mansidão nem a obediência”.

Mas uma vez, Bergoglio confunde as palavras próximo e irmão com um argumento cheio de segundas intenções. Quando perguntam para Jesus quem era o próximo, ele lhe responde com a parábola do bom samaritano (Lc 10,25-37). Os samaritanos, historicamente discriminados pelo judaísmo por sua proximidade com o paganismo, em nada poderiam servir para reforçar as teses de fraternidade que a maçonaria tanto prega, pois sua raça teria mesmo Abraão como pai e tendo como a base de sua religião o pentateuco. No máximo poderíamos encontrar neles a figura tradicional das ovelhas desgarradas da casa de Israel. Eles não eram pagãos como muitos querem entender.

Já sobre os pagãos, como encontramos em Lucas 7,1-10, Jesus reconhece a fé do centurião ao encontrar nele tamanha humildade a ponto de se despojar de suas crenças para fazer a afirmação que faz. O centurião teve fé porque viu em Jesus alguém superior aos métodos tradicionais de cura que conhecia. Ao contrário, Bergoglio acredita que os novos prosélitos não deveriam abrir mão em nada da sua identidade cultural:
“os gálatas teriam que renunciar à sua identidade cultural para se submeter às normas, prescrições e costumes típicos dos judeus”.
Mas o ponto não era uma identidade cultural que o apóstolo tentou preservar mas sim impedir práticas judaízantes que em nada iriam coloborar para a edificação cristã dos novos prosélitos.
No entanto, Bergoglio tenta acrescentar a ideia de que Paulo evangelizou os gálatas apenas com o anúncio dos evangelhos, não mencionando nada sobre as difíceis renúncias que teriam que fazer para fugir do pecado.
Como vemos em certos momentos, descartando a necessidade da tradição, Francisco faz saltos no percurso percorrido pelo cristão:
“Para eles, ter conhecido Jesus e crido na obra de salvação realizada com a sua morte e ressurreição foi realmente o início de uma nova vida, uma vida de liberdade".
Não é possível acreditarmos que Francisco estivesse falando do mesmo apóstolo São Paulo, pois temos uma outra versão de suas cartas como lemos em 1 Cor 11,2: “Eu vos felicito por vos lembrar de mim em toda ocasião e conservardes as tradições tais como eu vo-las transmiti”.
Está claro que Francisco não dirige suas catequeses aos católicos conservadores, mas o que ainda pouco se falou é que ele também está pouco se importando com aqueles que conhecem a Bíblia a tal ponto de não serem ludibriados por uma teologia manipuladora.
Antônio Frasson afrasson
Triste